Terceirização indecente é aprovada na Câmara e rasga a CLT
(Foto: Lula Marques)
Com 231 votos a favor, 188 contra e oito abstenções, a Câmara dos Deputados aprovou na noite de quarta-feira, dia 22, a terceirização geral em todas as atividades de uma empresa. O Projeto de Lei 4302 foi desenterrado de 1998, da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, e já havia sido votado pelo Senado em 2002.
“O ataque promovido pelos deputados que aprovaram a terceirização não vai ficar sem resposta. Nós, trabalhadores metalúrgicos do ABC e do Brasil, não podemos concordar que um projeto desengavetado de 19 anos atrás vire referência para o mercado de trabalho de hoje”, afirmou o presidente do Sindicato, Rafael Marques.
“A nossa resposta será à altura dos ataques que a classe trabalhadora está sofrendo. Não vão nos humilhar. Conto com todos os companheiros para a jornada de lutas que teremos”, convocou.
Rafael explicou que os metalúrgicos do ABC darão a resposta contra o projeto na semana que vem. “Já estamos nos organizando, com a participação de vários sindicatos do País inteiro porque o projeto não pode ficar como está. Essa lei é pior porque o trabalhador será terceirizado e o contrato ainda será temporário”, disse.
“O Brasil não será redesenhado por essa gente que quer tirar direitos de todos os trabalhadores e da sociedade brasileira”, prosseguiu.
Agora o texto depende apenas de sanção de Michel Temer e não passará por análise da atual composição do Senado, já que a última tramitação do projeto tinha sido em 2002, quando 12 dos 81 senadores atuais tinham mandato.
Mobilização Nacional
A CUT analisou que a votação do Projeto de Lei ficará marcada na história do País como a “oficialização do bico” e uma das maiores tragédias para a classe trabalhadora desde a ditadura militar.
Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, todos os trabalhadores que estão empregados correm o sério risco de serem demitidos a partir de agora. “O empregador vai contratar uma empresa para trazer profissionais gastando com mão de obra aproximadamente 30% menos e, o que é mais grave, sem nenhum direito trabalhista”, afirmou.
A CUT convoca toda a classe trabalhadora para mobilização nacional no dia 31 de março. “É o momento de resistência e de luta social para impedir esse processo de retirada de direitos por um governo federal e um Congresso Nacional que financiou o golpe contra os trabalhadores e agora precisa pagar essa conta”, ressaltou.
Pressionado pela CUT e demais centrais sindicais, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, havia se comprometido em 13 de março a suspender a votação do PL 4302 por pelo menos 30 dias.
“O presidente da Câmara não honra o compromisso assumido com as centrais e submete a voto um PL que é, na prática, uma mini-reforma trabalhista regressiva que permite a terceirização de todos os trabalhadores, atacando todos os seus direitos como férias, 13º salário, jornada de trabalho, garantias de convenções e acordos coletivos”, disse.
Segundo estudo da CUT e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o Dieese, os trabalhadores em empresas terceirizadas ganham 25% menos, trabalham quatro horas a mais e ficam 2,7 anos a menos no emprego quando comparados aos trabalhadores contratados diretos. Também estão mais suscetíveis a acidentes e situações de escravidão.
Da Redação