Termina greve dos metalúrgicos coreanos na Ssangyong

A fabricante de veículos havia anunciado em fevereiro a demissão de 2.646 trabalhadores, o correspondente a 36% de sua força de trabalho. Cerca de 1.670 deixaram a empresa voluntariamente, mas aproximadamente 1 mil trabalhadores não concordaram com a medida e tomaram a fábrica paralisando as linhas de produção

Depois de 77 dias de ocupação e confrontos violentos com a polícia, os trabalhadores da fábrica da montadora SsangYong, em Pyeongtaek, a 70 km de Seul, na Coreia do Sul, anunciaram no final da semana passada, o fim da manifestação e entraram em acordo com a direção da empresa. Por outro lado, ao menos 50 trabalhadores foram presos arbitrariamente e podem ficar até 3 anos na cadeia.

A fabricante de veículos havia anunciado em fevereiro a demissão de 2.646 trabalhadores, o correspondente a 36% de sua força de trabalho. Cerca de 1.670 deixaram a empresa voluntariamente, mas aproximadamente 1 mil trabalhadores não concordaram com a medida e tomaram a fábrica paralisando as linhas de produção.

Na terça-feira, a polícia sul-coreana iniciou a invasão da fábrica e foi recebida com coquetéis molotov, que era o único instrumento de defesa dos trabalhadores que estavam proibidos de receber remédios, água e alimentos na fábrica. Na quinta-feira, helicópteros foram usados para retirar os grevistas que estavam nas torres da montadora.

Acordo

Park Young-tae, um dos dois administradores da Ssangyong indicados pela justiça e Han Sang-kun, líder sindical, iniciaram as conversas dentro da planta às 11h (horário local).

“Eu entendo que os dois lados chegaram a um acordo para poupar 48% dos trabalhadores demitidos”, disse uma fonte. Os detalhes do acordo não foram divulgados.

Prisões

A últimas informações confirmam pelo menos 50 prisões de trabalhadores feitas imediatamente após o anúncio do acordo e o fim da greve. O sindicato coreano KMWU suspeita que o número pode chegar a até 100 operários. Os trabalhadores que continuam dentro da fábrica estão sendo interrogados pelos policiais antes de serem soltos ou então presos pelas autoridades.

Os que foram para a prisão não receberam nenhum tipo de cuidado médico. O sindicato afirma ainda que é muito perigoso para médicos e serviços de emergência estarem presentes nos portões da empresa já que as forças de segurança criaram um clima extremamente hostil no local.

Os trabalhadores detidos estão sem ver suas famílias desde o dia 21 de maio e podem passar muito mais tempo sem voltar para casa. De acordo com o sistema coreano, neste tipo de detenção, o trabalhador só pode permanecer preso por dois dias até que a justiça decida o que fazer. Se não forem liberados após este período, os metalúrgicos serão transferidos para um centro de detenção e ficarão presos até que haja a solução do processo. Neste caso, os trabalhadores correm o risco de passarem de dois a três anos na cadeia e o sindicato ainda corre o risco de pagar uma série de multas e encargos.

Sabedora das ações, a Federação Internacional dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas (FITIM) exige das autoridades que todos os líderes sindicais e trabalhadores na Ssangyong que estejam presos sejam soltos; que todas as acusações contra os sindicalistas e sindicatos sejam anuladas e que todas a ações relacionadas à Ssangyong sejam anuladas.

Da CNM/ CUT