Thales retoca imagem e expande negócios no Brasil
Mais conhecida no Brasil por sua produção de radares para áreas civil e militar, a companhia francesa Thales redobra esforços para mudar sua imagem no país e acelerar o processo de expansão global. Com faturamento no ano fiscal de 2010 de € 13,1 bilhões, a Thales mantém negócios nas áreas de defesa, segurança, aeroespacial e de transportes. O objetivo da companhia é apresentá-los ao mercado brasileiro neste ano. “À primeira vista, parecem negócios muito distintos, mas todos tratam de coletar informação para a tomada de decisões, seja com uso de satélites, radares ou câmeras”, afirmou o vice-presidente sênior da Thales, Blaise Jaeger.
Atualmente, 50% da receita é originada na França e o restante é obtido com vendas para 50 países atua, incluindo o Brasil, onde a companhia atua por meio da Omnisys. O planejamento da direção da Thales é elevar a receita global para € 20 bilhões até 2020, sendo que os negócios em outros países deverão dobrar de tamanho nesse período. “A França já é um mercado maduro para a companhia. A meta é expandir a atuação principalmente em países emergentes como Brasil, Índia, China, Rússia e países da África”, disse Jaeger.
O Brasil, na avaliação do executivo, terá um papel crucial no processo de expansão das operações internacionais da companhia. Algumas mudanças já começaram a ser colocadas em prática. A Thales iniciou as atividades no país ao comprar em 2005, por R$ 10 milhões, 50% de participação da Omnisys, sediada em São Bernardo do Campo (SP).
A sua participação acionária foi ampliada para 70% nos últimos anos. Neste mês, a francesa adquiriu os outros 30% de participação acionária, por uma quantia não informada. Luiz Henriques, que dirigia a Omnisys, foi conduzido para o cargo de diretor de desenvolvimento de negócios da Thales para América Latina, quanto Laurrent Mourre foi nomeado diretor-geral da Thales Brasil.
Por enquanto, o plano mais próximo de ser realizado ainda está restrito à produção de radares. Neste ano, a empresa investirá € 5 milhões na instalação de uma nova unidade fabril para produção de um radar militar de defesa aérea e contratação de 300 pessoas. A unidade, disse Jaeger, será instalada em São Bernardo do Campo e concentrará a produção mundial de um radar militar de defesa aérea. “O plano consiste em tornar a Omnisys, hoje focada em radares, em um centro de exportação para outros países, inclusive a França”, afirmou Jaeger.
A Omnisys opera com previsão de receita de R$ 65 milhões para este ano. No entanto, participará de uma licitação do governo brasileiro para compra de cinco radares com tecnologia de terceira geração (3G), no segundo semestre. Se vencer a licitação, a empresa poderá aumentar as vendas em mais €18 milhões.
O projeto de diversificação da atuação no Brasil inclui o início das operações na área ferroviária. A companhia participa de uma concorrência para fornecer sistemas de sinalização ferroviária para o monotrilho de Manaus. O projeto está orçado em € 40 milhões. A companhia também participa de uma licitação para fornecer sistemas de sinalização para a Linha 5 do Metrô de São Paulo, projeto orçado em € 60 milhões.
A francesa também tem projetos na área naval. A Thales detém participação de 25% nas ações do estaleiro Direction des Constructions Navales et Services (DCNS), focado em sistemas navais de defesa. A empresa mantém parceria com a Marinha do Brasil para transferência de tecnologia para produção em território brasileiro de submarinos convencionais, além de um modelo de submarino nuclear.
Outra meta da Thales é oferecer no país sistemas de monitoramento de tráfego e segurança para municípios, à semelhança de um projeto realizado na cidade do México, com instalação de 8 mil câmeras e softwares para monitoramento das imagens.
A empresa participa ainda do consórcio aeronáutico Rafale, que participa da concorrência para produção de 36 caças militares à Força Aérea Brasileira, cuja licitação está prevista para 2012.
Para acelerar a entrada nos segmentos de tecnologias para transporte e infraestrutura, a empresa avalia aquisições e parcerias com empresas brasileiras. “Estamos abertos a joint ventures e aquisições. A meta é expandir rapidamente nossa atuação no Brasil”, afirmou o diretor-geral da Thales Brasil, Laurrent Mourre.
Do Valor Econômico