Todos os setores da economia brasileira superaram a crise, diz ministro do Desenvolvimento
Miguel Jorge acredita que a retração econômica internacional deixou de afetar a indústria, setor mais prejudicado nos últimos meses
Todos os setores da economia brasileira já saíram da crise, declarou Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior. Ele falou com jornalistas ao sair da reunião do Grupo de Acompanhamento da crise (GAC), no Ministério da Fazenda, em Brasília (DF).
Segundo ele, a retração econômica internacional deixou de afetar a indústria, setor mais prejudicado nos últimos meses. “Alguns setores saíram mais, outros menos, mas a crise já deixou de ser um problema”, comemorou. O crédito que, inicialmente, se colocava como principal entrave econômico, deixou de ser um desafio para os empresários.
Por isso, os temas que preocupam os empresários estão relacionados às exportações e às taxas de câmbio. “Se voltamos a discutir esses assuntos é sinal de que o pior da crise já passou. Esses temas já eram debatidos antes da crise”, disse.
Na semana passada, o presidente do Banco Central Henrique Meirelles afirmou que existem sinais de que a economia havia saído da recessão técnica em que esteve nos primeiros meses do ano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, nesta quarta, que mais de meio milhão de brasileiros deixaram a linha de pobreza no auge da crise econômica no país, entre outubro de 2008 e junho deste ano. Ele fez referência a pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) que constatou que 503 mil pessoas superaram a partir da análise da distribuição de renda em seis regiões metropolitanas.
“A verdade é que estamos conseguindo reduzir a desigualdade social entre os brasileiros e nem mesmo a crise financeira internacional nos tirou desta rotina virtuosa”, afirmou o presidente. A declaração foi dada durante a comemoração dos 150 anos da primeira igreja protestante do Brasil, no Rio de Janeiro.
Lula ressaltou ainda que as ações do governo aliadas ao o dinamismo econômico fizeram com que, desde 2003, início de seu mandato, 10 milhões de empregos fossem gerados e 20 milhões de pessoas deixassem a “base da pirâmide social”.
Análise
A reportagem de capa da edição 37 da Revista do Brasil destacou a formação de uma grande massa consumidora popular. A novidade no país foi uma das responsáveis pelo crescimento várias empresas mesmo com a crise, principalmente no setor de comércio e serviços.
O cenário foi aliado a medidas de redução de juros, estímulo ao crédito e mudanças na política macroeconômica. O jornalista Bernardo Kucinski defendeu, na edição 36 da Revista, a estratégia adotada pelo governo que, na visão dele, radicalizou.
“(Lula) fez da crise uma oportunidade para deflagrar mudanças estruturais há muito desejadas pelos setores mais esclarecidos da sociedade, mas até então levadas em marcha lenta”, escreveu Kucinski. “Era a hora de tentar quebrar o domínio do capital financeiro e do mito por ele alimentado há décadas, de que no Brasil não pode haver taxa básica de juros abaixo dos 10%”, avalia.
O jornalista criticou, porém, o fato de o Comitê de Política Monetária (Copom) ter elevado os juros em meio à crise (de 13% para 13,75%), o que prejudicou aidna mais o desempenho das empresas nacionais.
Da Rede Brasil Atual