Tortura foi política de Estado da ditadura

A tortura foi o principal instrumento de coerção e extermínio físico de opositores da mais feroz e duradoura ditadura brasileira.

Pelo menos 20 mil pessoas foram torturadas de mais de 100 maneiras diferentes pelos órgãos de segurança.

Cerca de 400 delas morreram e 130 desapareceram sem deixar rastro.

Nas mãos dos militares, a tortura transformou-se em um método criteriosamente planejado, que combatia e reprimia preventivamente qualquer atividade considerada suspeita.

Seu objetivo ia além de obter informações com o uso da dor e do terror. Por meio da tortura, o regime pretendia atingir a vigilância e o controle cotidiano sobre a sociedade.

Assim, a tortura servia também de instrumento para desmobilizar as oposições por meio de intimidação, atingindo além do indivíduo, que era submetido a interrogatórios, as demais pessoas de seu grupo, que logo ficavam sabendo do acontecido.

No início dos anos 1970, a tortura passou a ser usada por todas as ditaduras militares que tomaram o poder na América Latina. Com o suporte de especialistas norte-americanos, elas criaram a Operação Condor para perseguir, torturar e eliminar opositores, especialmente no Chile, Argentina, Uruguai e Brasil.

Presos comuns
O fim da ditadura, em 1985, cessou a prática da tortura com fins políticos.

Mas, a recusa em mexer no lixo da repressão, de saber as circunstâncias da morte e desparecimento dos adversários da ditadura e apontar os torturadores que operavam a máquina repressiva cobra seu preço. As técnicas foram incorporadas e repetem-se contra presos comuns, suspeitos e detentos nas delegacias de polícia, presídios e centros de detenção de jovens e crianças.

Relatório encaminhado para a ONU pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados afirma que a tortura é ainda hoje o principal instrumento de investigação policial no Brasil.