Trabalhador brasileiro não percebe crise internacional, diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, em Paris, que, graças ao baixo nível de desemprego no país, os trabalhadores brasileiros não percebem a existência da crise econômica internacional.

Mantega afirmou que o nível do emprego se manteve alto devido à estimulação de setores altamente empregadores, como a construção civil durante os períodos de menor crescimento.

“Mesmo com a crise, estamos com menor nível de desemprego da história brasileira”, disse. “Os trabalhadores brasileiros não percebem que existe uma crise, sabem que existe pelo jornal, pelo noticiário. Na sua vida, eles não têm isso”, disse durante seminário do Instituto Lula e da Fundação Jean-Jaurès, ligada ao Partido Socialista francês, em Paris.

Ao lado do ministro das Finanças da França, Pierre Moscovici, Mantega criticou as medidas europeias contra a crise, afirmando que, se na primeira fase de retração, em 2009, havia um esforço global por medidas anticíclicas, com estímulo ao crescimento, hoje a regra é um foco muito grande em cortes de gastos.

“A crise não dá sinais de melhora, pelo contrário, está se agravando pelo menos no âmbito da economia europeia. O que significa que políticas que estão sendo praticadas não estão dando os resultados esperados”, disse. Ele afirmou que os número de retração das economias dos países ricos “são sinais fortes de que continuamos mergulhados na crise”.

Apesar do crescimento do PIB brasileiro de 0,6% no último trimestre, Mantega demonstrou otimismo sobre a economia brasileiro, ressaltando benefícios da queda a taxa de juros. “Claro que se a economia mundial tiver alguma melhora, vai facilitar nosso crescimento”, disse ele, que saudou o discurso pró-crescimento do governo François Hollande, há sete meses na presidência da França.

Na mesma linha, o ministro francês disse que a Europa e o mundo não devem ficar “condenados a uma austeridade generalizada e afirmou que Brasil e França partilham uma responsabilidade comum na cena internacional. Moscovici apostou na economia brasileira para “inverter a tendência [de recessão no mundo] através de seu crescimento interno”.

 

Da Folha de S. Paulo