Trabalhador francês não admite precarização
O governo mudou sua proposta, mas trabalhadores e estudantes não concordam e voltaram a parar a França ontem.
Dois milhões voltam às ruas por direitos
Sindicatos e estudantes franceses deram outra demonstração de força na luta contra a precarização das leis trabalhistas e realizaram mais de 150 protestos em todo o país ontem à tarde. Foi a quinta jornada de manifestações e a segunda greve geral contra o Contrato do Primeiro Emprego (CPE).
Cerca de duas milhões de pessoas foram às ruas segundo a Central Geral dos Trabalhadores. O maior ato ocorreu em Paris, onde mais de um milhão estiveram na mobilização, número equivalente ao registrado no protesto da semana passada.
Apesar das manifestações, o CPE entrou em vigor domingo passado e o presidente Jacques Chirac cumpriu a promessa de sancionar uma lei que 70% da população rejeita e após quase dois meses de grandes manifestações contra ela.
Assim, o principal objetivo da jornada de ontem foi pressionar o governo para que mude o CPE. Deu resultado, porque Chirac ainda não aplicou a lei e anunciou que pretende rediscutir seus pontos mais polêmicos.
A oposição desconfia, contudo, que a decisão de Chirac seja simplesmente uma manobra para enfraquecer o movimento anti-CPE, uma vez que a lei já foi publicada no Diário Oficial. Mesmo assim, sindicalistas e estudantes reúnem-se com membros do governo hoje para retomar os diálogos que tinham chegado a um impasse.
As objeções são contra a permissão dada ao empregador de demitir sem justificativa ou indenização e a precarização da Previdência Social.
Os dois pontos são, na verdade, um primeiro passo para flexibilizar as demais leis trabalhistas na França, tendência que pode ser espalhar pelo mundo.