Trabalhador morre por falta de segurança

Topema omite informações e impede organização de CIPA

Para a empresa, não pode acontecer acidentes que provoquem atraso na produção.
A saúde e a vida do trabalhador que se danem. Foto: Rossana Lana / SMABC

Os metalúrgicos na Topema, em Diadema, não trabalharam nesta quarta-feira em luto pelo falecimento do companheiro Donizete Alves Lucena e em protesto contra as más condições de trabalho que causaram sua morte.

Donizete, de 46 anos, caiu da escada quando fazia a limpeza de uma caixa d’água no dia 15 de março e foi hospitalizado com fratura no crânio, vindo a falecer na última segunda-feira. Ele era casado e pai de três filhas.

A Topema fabrica cozinhas industriais e os companheiros relatam que lá o descaso é total com as condições de trabalho. A forma de acesso de Donizete à caixa d’água é uma prova. Foi efetuada com uma escada de madeira, sem escora nem apoio.

Testemunhas afirmam que Donizete sempre pedia equipamentos de segurança para os serviços que executava, como no dia do acidente, mas a fábrica nunca atendeu.

“Os trabalhadores estão indignados com o ocorrido e decidiram voltar para casa hoje [quarta] em respeito ao companheiro e repúdio pela falta de respeito da fábrica com o ser humano e com o ambiente de trabalho”, protestou Zé Mourão, diretor do Sindicato.

Companheiros disseram que a direção da Topema sequer aceitou liberar o pessoal para o velório de Donizete e nesta quarta, durante o ato, quando o pessoal fazia um minuto de silêncio, soou a sirene de entrada.

Além dessas atitudes que atestam sua indiferença com os metalúrgicos, a empresa chegou ao cúmulo de chamar a polícia para acompanhar a homenagem.

Fábrica omite informações e impede organização de CIPA
A Topema escondeu do Sindicato as informações sobre as circunstâncias do acidente. 

Segundo Zé Mourão, todos os problemas enfrentados pelo pessoal com as condições de trabalho estão numa pauta de reivindicações entregue ano passado. Inclusive a eleição de uma CIPA. “Até agora a empresa só enrolou”, comentou Zé Mourão.

Ele denunciou também que o único investimento feito pela fábrica desde então foi a instalação de um circuito interno de câmeras para vigiar os trabalhadores e pressioná-los produzir ainda mais.

Da Redação