Trabalhador na Volks está indignado com a empresa
A Volkswagen aumentou o clima de indignação e revolta na fábrica em São Bernardo com a intransigência em aceitar as propostas apresentas pelos trabalhadores ao seu plano de reestruturação. Por isso, a mobilização dos companheiros continua. Hoje tem plenária do Sindicato com os alunos do Senai e seus responsáveis, na Sede, a partir das 18h.
A postura irredutível da Volks ao recusar as propostas apresentadas pelos sindicatos ao seu plano de reestruturação criou um clima de indignação e revolta na fábrica, segundo a representação sindical.
Foram 26 horas de conversa em 6 reuniões na semana passada entre a fábrica e representantes do nosso sindicato e dos metalúrgicos de Taubaté, São Carlos e São José dos Pinhais. Foram feitas várias contrapropostas ao plano de reestruturação e todas as alternativas foram rejeitadas e consideradas insuficientes pela montadora.
Com isto, os sindicalistas pediram a abertura de um PDV até o final do ano. A idéia era discutir nesse período novos investimentos com enfoque na qualidade, produtividade e novos processos de trabalho pelo tempo que durasse o PDV. A empresa também descartou esta possibilidade.
“A fábrica quer nos derrotar. A Volkswagen resolveu endurecer a relação com o trabalhador em todo o mundo”, afirmou o vice-presidente do Comitê Mundial, Wagner Santana, o Wagnão. Ele lembrou que, apesar do excesso de capacidade produtiva no Brasil, a Volks abrirá outras fábricas na Índia e na Rússia. “Sabe por que? Para fazer leilão com o trabalhador e forçá-lo a trabalhar em piores condições”, comparou Wagnão.
Diante desses fatos, os companheiros aprovaram por unanimidade um estado de alerta, já que a luta pode ser desencadeada em qualquer tempo, mesmo porque nas fábricas de Taubaté e de São José dos Pinhais as demissões podem ocorrer a qualquer momento.
Senai – O Sindicato está convocando uma plenária para hoje, às 18h, na Sede, com a garotada do Senai, pais e responsáveis. A plenária é aberta a todos os trabalhadores na montadora.
OIT vê tendência de desvalorização do trabalho
O plano de reestruturação anunciado pela Volks tem objetivo certo: a desvalorização do trabalho. Essa tendência foi observada no relatório apresentado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) durante sua 95ª Conferência, encerrada em meados do mês passado.
O diretor-geral da OIT, Juan Somavia, diz que existe um sentimento crescente de depreciação da dignidade do trabalho.
“O pensamento econômico imperante considera o trabalho como uma mercadoria, esquecendo-se do significado individual, familiar, comunitário e nacional do trabalho ao ser humano”, disse.