Trabalhadora ensina Libras na SMS

Objetivo de curso é facilitar a comunicação com portadores de deficiência auditiva.

Desde a última segunda-feira 20 companheiros e companheiras na SMS, em Diadema, passaram a frequentar um curso de Libras, sigla de Língua Brasileira de Sinais,  para a comunicação com deficientes auditivos. Segundo Almir Rogério da Silva, o Mizito, coordenador do Comitê Sindical na empresa, são duas turmas de 10 pessoas que terão 30 minutos de aulas, três vezes por semana durante seis meses. “Dando certo, podemos pensar em criar novas turmas”, diz ele.

O curso será dado por Patrícia Teixeira de Santana, que trabalha no setor de fiação da fábrica. Ela tem  deficiência auditiva e concedeu a seguinte entrevista à Tribuna Cidadania.

Como surgiu a idéia do curso?

Na realidade não foi bem uma idéia. Quando se é contratado por uma empresa você obrigatoriamente passa pelo RH e no departamento médico. No primeiro contato com o pessoal há muita dificuldade na comunicação. Então partiu deles mesmos a necessidade de se fazer o curso para poder atender os surdos sem problemas.

Existem outras pessoas na fábrica com mesma deficiência que a sua?

Sim, outras duas, sendo que uma começou a trabalhar recentemente.

Há dificuldade no aprendizado de Libras? Quais?

Não há dificuldade. A libras pode ser aprendida por qualquer pessoa interessada. Basta apenas querer aprender. Nosso principal objetivo é difundir a libras para que a barreira da comunicação entre surdos e ouvintes seja quebrada.

É necessário muito tempo de prática?

Assim como qualquer outra língua, requer prática para seu aprendizado.

Sente algum tipo de discriminação? Como reage?

No Brasil valoriza-se o bonito e o perfeito. Já dá para imaginar a nossa dificuldade. Agora, no dia-a-dia, fico triste quando participo de uma reunião e ninguém se preocupa em saber se eu entendi ou não as informações passadas. Talvez seja até um pouco de receio ou vergonha da pessoa por não saber libras. Acredito que com o curso isso mudará.

Você já participou de outras experiências de ensino de libras, ou faria um curso semelhante para a categoria?

Já participei de outros cursos e a princípio não vejo problema de fazer um curso para a categoria. Mas não podemos esquecer que depende do número de interessados, espaço físico e tempo. É preciso um planejamento detalhado para algo deste porte.

Como é o acesso de pessoas com deficiência auditiva ao cinema, ao teatro ou à música?

Como o ouvinte, o surdo tem acesso a todos esses eventos. O único problema é a falta de adaptação do ambiente para este público, principalmente em relação ao teatro e à música. Seria muito importante a presença de um intérprete nesses eventos.