Trabalhadoras na Volks debatem igualdade e repudiam atitudes machistas
Fotos: Adonis Guerra
Palestrantes destacaram os ataques do governo Bolsonaro às mulheres e o consequente aumento da violência de gênero no país
Para marcar o Dia Internacional da Mulher e refletir sobre temas como empoderamento feminino, igualdade no mercado de trabalho, reconhecimento de atitudes machistas e direitos das mulheres, as trabalhadoras na Volks participaram de atividades realizadas pelas dirigentes do Sindicato, na última sexta-feira, 6, na sala da Comissão.
A CSE na Volks, Rosimeire Conceição, a Rosi, falou sobre o preconceito no dia a dia da fábrica, o assédio e as gracinhas que precisam ser reconhecidas como machismo. Também destacou que as mulheres precisam estar juntas com o objetivo de conquistar uma condição melhor de trabalho.
“Gracinha não é brincadeira. Se um dia a gente vem de cabelo preso, e no outro de cabelo solto, eles comentam “hum, o que aconteceu que você está de cabelo solto?”. Se mudamos a cor do batom, ouvimos que estamos querendo provocar, e eles ainda acham que é um elogio, que a gente está gostando. Não, não gostamos. Isso precisa acabar. A gente se arruma pra gente e ponto”, reforçou.
A diretora executiva do Sindicato, Michelle Marques, lembrou de quando entrou no Senai, na década de 1990, época em que apenas duas das 60 vagas eram destinadas às mulheres. Na ocasião, as duas alunas foram submetidas a testes iguais aos dos homens e os resultados determinariam se as vagas para elas seriam mantidas e ampliadas. “Os homens na fábrica comentavam que estávamos roubando as vagas dos filhos deles. É muito difícil entrar em lugares tidos como masculinos”, afirmou.
“O machismo é muito difícil de ser eliminado, ele pode ser combatido, disfarçado, mas ele só é aliviado quando vamos à luta, nos impomos e falamos ‘nosso lugar é aqui e vocês têm que aceitar’. Me orgulho muito de deixar esse lugar melhor do que encontrei e nós, agora juntas, temos que dar continuidade a esse processo de luta”, recomendou.
Palestrantes
Na parte da manhã, a líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Natalia Szermeta, movimento que concentra 80% de mulheres, parabenizou a iniciativa das Metalúrgicas do ABC e destacou que o projeto do governo Bolsonaro ataca ainda mais as mulheres.
“É extremamente importante aproveitar o mês de março para refletir sobre o momento que a gente está vivendo, se organizar, se fortalecer e construir espaços de diálogos numa época em que nossa sociedade fica cada vez mais violenta”.
A advogada especializada em igualdade de gênero, Carol Freitas, conversou com as trabalhadoras na parte da tarde sobre o aumento da violência e a desigualdade no mercado de trabalho.
“A violência não pode ser uma gavetinha na nossa discussão, ela tem que atravessar toda a discussão. O que aconteceu com a nossa companheira Marielle Franco nada mais é do que uma violência ultra machista de quem odeia as mulheres e não pode ver uma mulher em posto de destaque e comando”, frisou.