Trabalhadores aprovam greve na Mercedes contra demissões
Em assembleia realizada na manhã de ontem, dia 22, os trabalhadores na Mercedes, em São Bernardo, aprovaram greve por tempo indeterminado contra o anúncio de demissão de 500 companheiros em layoff (suspensão temporária de contrato de trabalho) a partir de 4 de maio.
“São dois anos de negociações na busca de alternativas e não aceitamos demissões sumárias como a empresa está tentando fazer”, afirmou o presidente do Sindicato, Rafael Marques.
Segundo o dirigente, a empresa duvida da capacidade de mobilização dos trabalhadores. “Com organização, garra e solidariedade, nós vamos lutar pelo emprego e a nossa reação será à altura”, disse.
O Sindicato reconhece a redução na atividade econômica e, em especial, a queda nas vendas de caminhões e ônibus em 2014, de -10,7% e -16,5%, respectivamente, em relação a 2013. No primeiro trimestre do ano, a queda foi de -36,2% e -24,8%, respectivamente, em relação a igual período do ano passado.
O diretor Administrativo do Sindicato e CSE na Mercedes, Moisés Selerges, defendeu ferramentas para proteger o emprego em períodos de queda no mercado.
“Neste cenário, é importante discutir e buscar alternativas até a exaustão. Existem outras medidas que vamos cobrar do governo federal, porém a empresa tomou uma decisão unilateral”, explicou.
“Sabemos que a economia é um ciclo e já teve épocas em que trabalhamos aos sábados, no total, um mês a mais no ano para a empresa mandar os lucros para a matriz na Alemanha”, prosseguiu Moisés.
Urgência
O Sindicato encaminhou ontem ofícios com pedido de urgência na adoção do Programa Nacional de Proteção ao Emprego e de outras medidas de estímulo à economia para a presidenta
Dilma Rousseff e aos ministros do Desenvolvimento, Trabalho, Casa Civil, Fazenda e Secretaria-geral.
“Não vão faltar esforços dos trabalhadores e do Sindicato para conseguir reverter as demissões anunciadas e conquistar o Programa de Proteção ao Emprego”, afirmou Rafael.
O Programa prevê que, em tempos de crise, os trabalhadores sejam afastados, mas não demitidos, e continuem vinculados à empresa, recebendo seus salários e mantendo o poder de compra.
As negociações para preservar os empregos na Mercedes envolveram o layoff de cerca de mil trabalhadores a partir de julho de 2014, prorrogado em dezembro até 30 de abril deste ano. A empresa afirma ainda que, além do layoff, há um excedente de1.400 trabalhadores na fábrica.
O Sindicato orientou os trabalhadores a comparecerem na empresa no horário normal para receber os encaminhamentos da greve.
Da Redação