Trabalhadores com mais de 40 anos voltam a ser valorizados
Antes discriminados, trabalhadores com mais de 40 anos voltam a encontrar espaço no mercado de trabalho. Pesquisas do Dieese e IBGE apontam essa tendência.
Está em ascensão a
oferta de empregos para
profissionais com 40 anos de
idade ou mais. A tendência
já é observada nas pesquisas
de emprego do Dieese e do
IBGE. Ao mesmo tempo há
um retardamento da entrada
de jovens no mercado de
trabalho.
“Há uma taxa de crescimento
bastante forte no
número de vagas para os trabalhadores
com 40 anos ou
mais de idade, ou seja, as empresas
passam a demandar,
além do profissional qualificado,
com nível de escolaridade
maior, que muitas vezes
encontram nos mais jovens,
também aqueles com mais
experiências profissionais”,
disse Clemente Ganz Lúcio,
diretor técnico do Dieese.
Experiência – O gerente da pesquisa
mensal de emprego do IBGE,
Cimar Azeredo, avalia
que esse aumento na fatia
dos mais velhos no total dos
ocupados é reflexo das regras
de aposentadoria e das
transformações na estrutura
demográfica do País, com
crescente envelhecimento da
população. Ele vê também a
opção de algumas empresas
de contratar de profissionais
mais experientes.
“A experiência pode ser
um diferencial que as empresas
buscam”, opina Nelson
Ribeiro da Costa, auxiliar de
montagem na Ford. Aos 43
anos, ele é um dos recém
contratados pela montadora
em janeiro.
Apesar de ter vindo
de outro emprego para a
Ford, Nelson constata que
até há bem pouco tempo
trabalhadores com mais de
40 anos eram discriminados
pelo mercado de trabalho.
“Tenho vários amigos nessa
situação”, relata.
Convenção – Foi esse cenário que
levou os metalúrgicos da
CUT a incluirem o tema na
campanha salarial do ano
passado. A reivindicação
virou conquista e na Convenção
Coletiva em vigor há
uma cláusula que impede as
empresas de discriminar trabalhadores
acima dos 40. A
chamada cláusula de diversidade
estabelece também
igualdade de oportunidades
a jovens, mulheres e negros
na hora da contratação.
Jovens agora esperam
Segundo o diretor técnico do Dieese,
outra tendência vista nas pesquisas é
o fato das familias retardarem a pressão
para que o jovem entre no mercado de
trabalho, investindo mais no estudo, o
que pode melhorar o nível profissional.
“Com o retardamento, não há uma
pressão ao mercado de trabalho por criação
de novos postos. Isso permite um investimento
em qualificação, cujo retorno
será visto lá na frente em termos de produtividade
e qualidade daquele profissional”,
concluiu Lúcio.