Trabalhadores conquistam política de cargos na Rolls-Royce

Antes, quando o trabalhador questionava porque não avançava na função, ficava um jogo de empurra-empurra entre o RH e os chefes, já que nenhum deles tinha a resposta. É o caso de companheiros que se aposentaram sem chegar ao teto da função, mas agora isso acabou

Os trabalhadores na Rolls-Royce aprovaram, em assembleia realizada na quarta-feira (29), o acordo que reforma a política de cargos na empresa. Essa proposta nasceu da política lançada pela própria Rolls Royce em 2008, mas recebeu alterações reivindicadas pelos trabalhadores.

Rogério Fernandes, o Rogerinho, coordenador do Comitê Sindical, lembra que o anuncio gerou, na época, descontentamento na fábrica. “Como a política não era clara e nem tinha critérios transparentes, os companheiros ficavam sem saber quanto tempo era preciso para avançar na função”, comentou.

Essa falta de transparência criou uma situação em que os trabalhadores saiam prejudicados – é o caso de companheiros que se aposentaram sem chegar ao teto da função, mas agora isso acabou.

Antes, quando o trabalhador questionava porque não avançava na função, ficava um jogo de empurra-empurra entre o RH e os chefes, já que nenhum deles tinha a resposta.

“Agora, a companheirada vai saber pela cartilha informativa, que todos vão receber, entre outras coisas, o tempo necessário para avançar na função e quais serão os critérios”, comentou João André, também do CSE.

História

Há mais de 15 anos, a política de cargos é uma das principais reivindicações dos trabalhadores na Rolls Royce em São Bernardo. Para resolver a questão, em 2006, Rogerinho iniciou um levantamento sobre o funcionamento da política de cargos das fábricas da s Rolls-Royce no mundo.

“Percebemos que o Brasil era um dos poucos lugares em que a empresa não tinha acordo com o Sindicato sobre o assunto”, conta o coordenador do CSE.

Através dos contatos com os representantes sindicais no exterior, ele conseguiu cópia dos acordos de cargos fechados nas outras fábricas. Esses documentos foram fundamentais para o início das conversas com a empresa. “A empresa é globalizada, então os direitos dos trabalhadores também precisam ser”, afirma Rogerinho.

Em março, a assembleia que aprovou o acordo de PLR, também autorizou o início das negociações sobre cargos com a empresa. Foram feitas duas plenárias no Sindicato: a primeira aprovou o que deveria ser negociado com a empresa e a segunda apresentou o resultado dessa negociação aos trabalhadores. “Como tivemos grande participação, saímos vitoriosos “, afirma Rogerinho.

No total, foram debatidas e aprovadas 18 cláusulas que, transformadas em acordo, deixam a política de cargos da empresa clara, simples e objetiva. “Uma política de cargos simples é boa tanto para os trabalhadores como para a própria empresa”, conclui João André.

Da Redação