Trabalhadores da Colgate são trancados na fábrica
Empresa impede funcionários de participarem de manifestação e retém saída de turno; Sindicato acusa Colgate de cárcere privado
Antonio Ledes
Ato de sindicalistas atrasou a entrada dos trabalhadores da tarde na Colgate de S. Bernardo
A Colgate-Palmolive impediu que os trabalhadores da fábrica de São Bernardo participassem de uma assembleia promovida pelo Sindicato dos Químicos do ABC, nesta segunda-feira (26/07), durante a troca de turnos. De acordo com o presidente do Sindicato, Paulo Lage, os funcionários que trabalham de manhã na empresa foram impedidos de sair da fábrica.
“Eles foram mantidos em cárcere privado”, afirmou o sindicalista. Os ônibus que traziam os trabalhadores da tarde circularam pela rodovia Anchieta até a manifestação acabar, o que atrasou a entrada do turno. O objetivo da assembleia era reivindicar o pagamento de R$ 2 mil da PLR (Participação nos Lucros e Resultados). Há dois meses os trabalhadores tentam negociar o valor.
A administração da empresa chegou a solicitar a presença da polícia durante a assembleia, trancou o portão da fábrica para que os dirigentes sindicais não entrassem e está sendo acusada pelo sindicato de tentar coagir os funcionários.
“A empresa realizou ameaças nos últimos dias. Em alguns casos ligaram para as residências de alguns funcionários, exigindo que assinassem um termo concordando com o valor da PLR proposto pela empresa”, afirmou o presidente do sindicato. A Colgate oferece o pagamento de R$ 1.850 de PLR aos trabalhadores.
Lage também afirmou que, em situações de conflito, a empresa costuma utilizar a estratégia de forçar a redução da produção e conceder férias aos funcionários, “tudo que faça parecer que passam por uma crise financeira.
” De acordo com o presidente do sindicato, a Colgate tem histórico de negociações conturbadas. No entanto, para os sindicalistas, a Justiça não é o melhor caminho para resolver a situação e a entidade deve insistir no diálogo.
O Sindicato dos Químicos destaca que a Colgate-Palmolive é a empresa do setor de higiene bucal que mais fatura no País. Lage lembrou que no auge da crise financeira internacional a empresa ampliou o parque fabril e manteve o faturamento maior que a média do setor.
“Nossas ações vão depender de uma nova estratégia. A greve dos 2.500 trabalhadores da Colgate não foi descartada. Vamos fazer denúncias ao sindicato americano, órgãos do governo e à CUT (Central Única dos Trabalhadores)”, afirmou Lage.
A reportagem tentou conversar com a Colgate para esclarecer as denúncias, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.
Do ABCD Maior