Trabalhadores iniciam protesto após Nakata anunciar que vai fechar fábrica em Diadema

Sindicato busca alternativas para preservar os 225 empregos, mas Nakata diz que decisão está tomada

Foto: Adonis Guerra

Em assembleia na manhã de ontem, os trabalhadores na Nakata, em Diadema, decidiram que vão lutar para defender seus empregos. A conversa com o Sindicato ocorreu após anúncio da direção de fechar a fábrica na região, que emprega hoje 225 pessoas, e ir para Extrema (MG) até o final de março.

Os Metalúrgicos do ABC denunciaram a postura traidora da empresa que, mesmo com alta lucratividade, há quatro anos vem se organizando para deixar a cidade sem nenhum prévio comunicado aos trabalhadores e ao Sindicato.

Em reunião com representantes da Nakata na segunda-feira, o Sindicato apresentou alternativas, mas não houve abertura de diálogo por parte do representante da fábrica. 

“Ele, em nenhum momento, abriu a possibilidade de negociar. O sentimento é que estamos sendo traídos há quatro anos, eles dão parabéns pela produtividade, falam que todos são uma família, mas estavam de sacanagem. Não somos idiotas”, denunciou o secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges. 

“Nossa posição é discutir a permanência da empresa em Diadema. Temos que brigar, quem morre calado é sapo embaixo de pata de boi, e a gente aqui não vai fazer isso, temos que dar uma lição na Nakata”, avisou.

O dirigente lembrou ainda que é preciso discutir política. “É a política lá em Brasília ou a falta dela que decide o futuro aqui. Fábrica está parecendo barraca de feira, cada dia está num lugar e o governo só quer plantar soja, milho, derrubar árvore e matar índio. Temos que discutir isso, por mais que alguns companheiros achem que não”.

O coordenador da Regional Diadema, Antônio Claudiano da Silva, o Da Lua, lembrou que a Nakata tem uma história de 65 anos e que a saída dela da região vai afetar muitas vidas.

Foto: Adonis Guerra

“Esta fábrica deixando de existir aqui vai atingir mais pessoas, deixará de existir para as futuras gerações. Nós fomos traídos porque sabemos que essa fábrica tem lucro aqui e não é pouco. Não podemos baixar nossa cabeça agora e desistir de lutar para esta fábrica ficar aqui, e se tiver que ir, vai ter que pagar o preço dessa irresponsabilidade”, afirmou.

“Qual a sensação que fica para nós que recebíamos tapinhas nas costas e parabéns mês a mês porque a produtividade estava crescendo e agora recebemos uma notícia dessas? A sensação é de total indignação”, disse o CSE, Leonardo da Silva Martins, o Cacique.

Foto: Adonis Guerra

Ainda ontem na parte da tarde, o Sindicato realizou uma reunião com os companheiros e companheiras, na Regional Diadema, para decidir os rumos da luta.