Trabalhadores na Arteb aprovam acordo negociado pelo Sindicato e encerram paralisação
Negociação possibilita que trabalhadores demitidos sejam recontratados a partir do segundo semestre, a continuidade do convênio médico e o pagamento dos dias parados
Em assembleia na tarde de ontem, os trabalhadores na Arteb aprovaram o acordo negociado entre o Sindicato e a direção da fábrica e encerraram a paralisação iniciada na última terça-feira, 26.
O acordo garante o pagamento de todas as verbas rescisórias dos 200 demitidos, recontratação de parte desses trabalhadores no segundo semestre, quando terá início o contrato com a Fiat, extensão do convênio médico até setembro para os que foram desligados e garantia de emprego pelo mesmo período, além do pagamento dos dias parados.
A fábrica, que está em recuperação judicial, chegou a anunciar que tinha a intenção de demitir metade dos 870 trabalhadores, com base na orientação de uma consultoria. Durante as negociações com o Sindicato, foi estabelecido que não haverá mais demissões além das 200 já realizadas.
“Nós também firmamos um compromisso com a empresa, assinado em papel, que ela vai trazer a mão de obra de volta quando começar a produzir pra Fiat em setembro. Com isso, serão recontratados cerca de 50 trabalhadores. Também há o compromisso de fornecimento para uma outra montadora e, caso se concretize, será possível recontratar quase todos os demitidos”, ressaltou o secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges.
Preocupada com a saúde dos trabalhadores durante a pandemia, a direção do Sindicato também negociou a continuidade do convênio médico para aqueles que estão deixando a empresa agora.
“A gente tem que se preocupar com a nossa família, perder o emprego num momento como este significa perder um benefício importante que é o convênio médico. Conversamos com a empresa e ela se comprometeu que todos os desligados terão convênio médico estendido até setembro para que tenham um pouco mais de tranquilidade”.
Para garantir que todos os valores sejam pagos, o Sindicato estabeleceu na conversa que um imóvel do proprietário da empresa, no valor de R$ 10 milhões, seja garantia de pagamento de todas as verbas rescisórias.
O dirigente destacou ainda que muitas empresas estão em situação econômica parecida por falta de atitude do governo que não apresenta um plano de política industrial. “Não é só a questão da Arteb que está em recuperação judicial, mas da indústria como um todo, a indústria está dentro d’água porque este governo não tem política para indústria. Eles só querem plantar soja e milho para dar pra boi comer, querem derrubar árvore e matar índio pra plantar soja. Precisamos lutar por uma política industrial séria que traga empregos”.
Na parte da manhã foi realizada uma conversa com os trabalhadores demitidos na Regional Diadema para explicar os detalhes do acordo.
Veja abaixo um trecho da assembleia: