Trabalhadores na Ford adotam estratégia da Greve dos Golas Vermelhas

Foto: Adonis Guerra

Os trabalhadores na Ford entram hoje no sexto dia de greve contra as cerca de 200 demissões anunciadas pela empresa e participam do ato unificado na Av. Paulista. Na tarde de ontem, o Sindicato e a montadora retomaram as negociações.

Em assembleia com todos os turnos na manhã de ontem, foi decidido que apenas os companheiros na manutenção e ferra­mentaria não entrariam na fábrica.

“Lembramos a Greve dos Golas Verme­lhas, de 1990, que começou com parali­sações nesses pontos vitais da empresa”, explicou o diretor executivo do Sindicato, Alexandre Colombo (Saiba mais abaixo).

“Com a decisão, os companheiros na produção entraram para trabalhar. Em seguida, a fábrica dispensou o pessoal ao entender que não tinha condições de fun­cionar”, contou.

“Retomamos as conversas com a empre­sa para reverter as demissões. Este Sindicato é reconhecido internacionalmente pela criatividade para encontrar soluções e a luta é de cada trabalhador, a cada dia, para defender os empregos”, afirmou.

O coordenador geral do SUR e CSE, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba, ressaltou a importância de todos estarem mobilizados na luta. “Os trabalhadores sempre foram unidos e aguerridos. Os encaminhamentos de cada dia serão dife­rentes e feitos pela representação na porta da fábrica”, disse.

MANIFESTAÇÃO

Os metalúrgicos na Ford caminharam pela empresa na sexta, dia 11, em protesto contra as demissões. Foram realizadas duas assembleias, com início na portaria 35. De lá, os companheiros seguiram em passeata até a portaria 5.

“Temos feito muita discussão com a fábrica desde o ano passado e foi traiçoeiro o que a Ford fez ao quebrar o acordo de estabilidade e anunciar as demissões. Nós temos que fazer a luta aqui e na rua para impedir esse pessimismo que paralisa a economia e pela retomada do crescimento”, defendeu o presidente do Sindicato, Rafael Marques.

RELEMBRE

 Há 25 anos, os trabalhadores na Ford protagonizaram a Greve dos Golas Vermelhas (em referência ao uniforme do pessoal da manutenção e da ferramentaria), uma das mais simbólicas da história dos metalúrgicos do ABC. O movimento inaugurou a estratégia adotada na cam­panha salarial de 1990, com paralisações em pontos vitais da empresa.

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NA LUTA

 “A empresa tomou uma decisão arbitrária ao quebrar o acordo de estabilidade. Já vi muita luta aqui. A gente fica preocupado, mas vamos sempre juntos até a vitória”, Carlos Eduardo Rocha, há 22 anos na Sub- Montagem

“Vou apoiar o Sindicato no que precisar para reverter as demissões. Fico triste pela atitude da empresa com os companheiros e estamos jun­tos na luta”, Christopher Mo­reira Fernandes, há 4 anos em Montagem de Carroceria

“Estive no grupo de 2.800 de­missões anunciadas em 1998. Conseguimos voltar ao traba­lho graças à luta do Sindicato. Agora é manter o equilíbrio e a calma para reverter as de­missões”, Ricardo Euzébio de Santana, há 20 anos em Carros

“Fiquei em choque quando anunciaram as demissões. Foi uma quebra de acordo por parte da empresa e ninguém estava esperando. Todos têm planos e sonhos. Vamos com fé que vai dar certo”, Adriana Letícia da Silva, há 1 ano e 8 meses em Carros

Da Redação.