Trabalhadores na Ford aprovam luta contra demissões
Foto: Edu Guimarães
Em assembleia realizada na manhã de sexta-feira, dia 11, os trabalhadores na Ford, em São Bernardo, aprovaram a luta e a solidariedade contra as demissões de 364 metalúrgicos anunciadas pela montadora. Para marcar o início das mobilizações, não houve produção no setor de estamparia.
Os companheiros que estavam em layoff, suspensão temporária de contrato de trabalho, começaram a receber telegramas de demissão na quinta-feira, dia 10.
O vice-presidente do Sindicato e CSE na Ford, Paulo Cayres, o Paulão, ressaltou que somente a luta e a solidariedade de todos os metalúrgicos irão garantir os postos de trabalho.
“Nossa assembleia busca alternativas com respeito e dignidade e contamos com a participação de todos na luta. Não dá para aceitar que os companheiros com 15, 20 anos de casa sejam tratados desta forma”, afirmou.
Paulão explicou que a reforma Trabalhista foi aprovada com o argumento de que geraria empregos. “O que estamos presenciando é o anúncio de demissões, é isso o que está por trás das mentiras que usaram para aprovar esse retrocesso nas relações de trabalho”, disse.
O coordenador geral da representação na Ford, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba, afirmou que a montadora agiu de forma irresponsável ao romper as negociações com o Sindicato e anunciar as demissões, sendo que o acordo de 2016 garante estabilidade no emprego até janeiro de 2018.
“Estávamos debatendo o futuro da fábrica e, de repente, vieram os telegramas e a fábrica rompe com as negociações. Os trabalhadores jamais irão aceitar demissões sumárias”, alertou.
“É preciso que respeitem a história de luta dos Metalúrgicos do ABC e da representação dos trabalhadores. Estamos abertos a dialogar, mas enquanto não houver uma solução, a luta vai continuar”, prosseguiu.
O integrante do Conselho da Executiva e CSE na Ford, Adalto de Oliveira, o Sapinho, relembrou o anúncio de 2.800 demissões em 1998. “Naquele ano o anúncio foi na véspera do Natal e agora foi feito na véspera do Dia dos Pais. Parece que a direção da Ford não aprendeu que aqui têm companheiros de luta”, disse.
“Nós fizemos a luta em 1998 e conseguimos sair vitoriosos. Vamos ter muita sabedoria e estratégia na mobilização”, continuou.
Para o coordenador do SUR, Sérgio Soares, o Bakalhau, o dia foi importante para iniciar a pressão. “A fábrica precisa reestabelecer o diálogo com os trabalhadores. O momento entre nós é de solidariedade e unidade”, concluiu.
Os trabalhadores que receberam os telegramas foram orientados a não assinar a rescisão do contrato de trabalho na sexta, conforme a intenção da empresa. Como a Ford anunciou que não terá produção nos setores de body shop, estamparia e pintura na segunda e terça-feira, dias 14 e 15, a representação dos trabalhadores convocou nova assembleia na quarta-feira, dia 16, às 6h.
Da Redação.