Trabalhadores na Fris Moldu Car insistem na falência

Eles rejeitam plano de recuperação judicial da fábrica porque afirmam que ela é irrecuperável e patrão não tem credibilidade.

Os trabalhadores na
Fris Moldu Car, de São Bernardo,
rejeitaram por unanimidade
o plano de recuperação
judicial apresentado
pela fábrica porque ele não
respeita os valores a serem
pagos a cada companheiro.

Segundo a Justiça do
Trabalho, a fábrica lhes deve
perto de R$ 17 milhões,
mas o plano de recuperação
prevê o pagamento de apenas
R$ 1,4 milhão.

A rejeição aconteceu
em assembléia de credores
na última sexta-feira. São
credores da Fris, além dos
trabalhadores (classificados
como classe 1, pela lei
de recuperação), os bancos
(classe 2) e demais credores
(classe 3). Estes últimos rejeitaram
o plano e os bancos
aprovaram.

Decisão – O diretor do Sindicato
José Paulo Nogueira
participou da assembléia e
disse que o resultado foi a
rejeição do plano de recuperação.
No entanto, o administrador
judicial, pessoa
definida pela justiça comum
para comandar a assembléia,
preferiu transferir essa
decisão para o juiz Gersino
do Prado, da 7ª Vara Cível
de São Bernardo, que acompanha
o caso.

“Em casos de rejeição
em assembléia, a lei de recuperação
judicial determina
que a decisão do juiz só
pode ser a decretação da
falência”, explica o advogado
do Sindicato Marcelo
Mauad, especialista nessa
legislação.

Temor –
No entanto, Zé Paulo
teme que a decisão do juiz
Gersino não siga por aí e
acompanhe decisões anteriores
desfavoráveis aos
trabalhadores.
“Mais uma vez a decisão
fica pra quem já decidiu
contra nós. Esperamos que
desta vez ele acerte, tenha
bom senso porque a fábrica
não tem como se recuperar”,
disse.

Falência é a melhor saída

Em fevereiro do ano
passado, quando os companheiros
na Fris cruzaram
os braços por falta de pagamento,
o Sindicato já falava
da possibilidade da falência
para resguardar direitos.

Com a falência, eles
têm certa prioridade de receber
quando o patrimônio
é vendido.

A Fris, segundo Zé Paulo,
há muito tempo não tinha
mais credibilidade no
mercado.

Todos os recolhimentos
trabalhistas e salários estavam
atrasados e as dívidas
se amontoavam. As linhas
de produção eram velhas e
defasadas. “Tudo isso nos
mostrou que a fábrica é irrecuperável”.

Segundo ele, quem acusa
o Sindicato de torcer pelo
fechamento de uma fábrica
e a perda de empregos não
conheceu a realidade da
Fris.

“Defendemos empregos
que respeitam direitos.
Apoiamos empresas sérias
que possam oferecer perspectiva
de futuro ao metalúrgico
e não empresários
que aparecem para saquear
as fábricas, como é esse caso”,
finaliza Zé Paulo.