Trabalhadores na Fris repudiam armação
Para eles, movimento para devolver fábrica ao antigo dono é um golpe que poderia facilitar sua fuga.
Os trabalhadores na
Fris Moldu Car, de São
Bernardo, receberam com
indignação a notícia de que
está em andamento uma armação
para devolver a fábrica
ao antigo dono. Também
concordam que um novo
golpe está sendo montado
contra eles.
Conforme a Tribuna
revelou ontem, circula na
região uma carta que pede a
empresários para apoiarem
José Roberto Riviello, o antigo
dono, a retomar a Fris.
Essas cartas de apoio serviriam
como argumento para
que a 7ª Vara Cível de São
Bernardo aprovasse pedido
de recuperação judicial feito
pela empresa.
Desmonte – Segundo Edison Ferreira
da Costa, da Comissão
de Fábrica, hoje a Fris não
teria como produzir. Todas
as ferramentas foram retiradas
pelos clientes. A cabine
de pintura, um equipamentos
que poderia gerar algum
trabalho, deve ser retirada a
qualquer hora por decisão
judicial em curso. A Fris
comprou a cabine há três
anos e não pagou. O vendedor
conseguiu na Justiça
reaver o equipamento.
“São centenas de processos
deste tipo. Todo dia
chega um oficial de justiça
para entregar uma cobrança
ou uma ação dos credores”,
revela Edson.
“Quando não é isso,
chegam ações de leilões de
máquinários para saldar dívidas
com o INSS ou ICMS”,
completa.
Como explicar lentidão da Justiça
Para os trabalhadores,
que estão em luta por salários
desde 21 de fevereiro,
é inexplicável a lentidão da
Justiça por não ter ainda decretado
a falência.
O ambiente para que
isso ocorresse foi dado pelo
Tribunal Regional do Trabalho
ao tornar indisponíveis
os bens da fábrica e os
do patrão, por comprovada
gestão fraudulenta. O Tribunal
mandou ainda a Fris
pagar tudo o que deve aos
trabalhadores.
A Justiça de São Bernardo
não poderia aceitar
a ação de recuperação judicial
pedida pela fábrica.
Isso porque, além da gestão
fraudulenta, o processo de
falência movido pelo Sindicato
antecede a esse pedido
de recuperação.
Portanto, ele não poderia
correr em paralelo e
sim dentro do processo de
falência, no qual a Fris perdeu
todos os prazos.
“Depois de quase nove
meses de luta e seis meses
de espera pela decretação
da falência, o pessoal passa
a não acreditar mais na Justiça”
desabafou Edison.
Para os companheiros,
tudo indica que está em andamento
a armação de um
golpe para liberar a fábrica
ao antigo patrão. Assim, ele
poderia entrar na fábrica,
tirar tudo o que conseguisse
e sumir.
A única saída para os
trabalhadores receberem
seus direitos é a falência.
Com a falência, todos os
credores, inclusive os trabalhadores,
poderão se habilitar
na massa falida. Assim,
como determina a lei de
falência, os trabalhadores
entram como prioritários
para o recebimentos dos
seus créditos.