Trabalhadores na Kostal recebem apoio internacional à luta
Os trabalhadores na Kostal, em São Bernardo, receberam hoje a solidariedade e o apoio à luta pela manutenção da fábrica em São Bernardo e em defesa dos 300 empregos em carta enviada pelo IndustriALL Global Union, sindicato global dos trabalhadores na indústria, que representa cerca de 50 milhões de companheiros em 140 países.
Na carta, o secretário-geral do IndustriALL, Valter Sanches, que foi diretor dos Metalúrgicos do ABC e trabalhador na Mercedes, repudia veementemente a medida unilateral da empresa.
“Acreditamos que através da negociação entre a empresa e os trabalhadores podem ser encontradas alternativas e soluções para evitar que cerca de 300 trabalhadores na planta percam seus empregos”, afirma.
“Instamos a empresa a reconsiderar a sua decisão unilateral e retomar as discussões com o Sindicato para encontrar em conjunto formas alternativas de viabilizar a planta, incluindo a reconversão industrial durante esta pandemia, e assim manter todos os postos de trabalho. Parabenizamos os trabalhadores e trabalhadoras na Kostal pela luta e resistência e reiteramos o nosso pleno apoio e solidariedade na sua defesa dos empregos”, explica.
A Kostal comunicou ao Sindicato a decisão de fechamento da planta no último fim de semana e, desde segunda-feira, os trabalhadores estão mobilizados na luta e com a produção parada. Ontem foi realizada uma caminhada no entorno da fábrica, na Pauliceia, para alertar a comunidade sobre os impactos da decisão no bairro, na cidade e em toda a região.
Carta do Paulinho
Em assembleia na manhã de hoje, os trabalhadores decidiram permanecer parados contra a decisão da Kostal. Indignado com a empresa, o trabalhador Paulo César Ferreira da Silva, o Paulinho, expedidor há sete anos e meio na Kostal, escreveu e leu uma carta aos seus companheiros de luta.
“É lamentável uma empresa tão grande como esta não ter tido o mínimo de respeito com todos nós colaboradores, que por anos e anos se dedicaram, se empenharam, deram seu melhor em prol da Kostal. E agora, em um momento tão difícil como esse que estamos passando, se aproveitando da situação, simplesmente nos viraram as costas”, afirmou.
“Peço que nos respeitem, mesmo sabendo da mudança dessa planta, fomos dignos, honramos com nosso compromisso e merecemos respeito e transparência. Aí a diretoria quer pagar nossos direitos parcelados, como se fosse uma esmola? Faltou dignidade da parte de vocês conosco”, falou.
“Pessoal, não vamos desanimar, vamos todos juntos até o fim. Obrigado a todos, vocês merecem meu respeito”, concluiu.