Trabalhadores na LG Taubaté entram em greve por tempo indeterminado

“O Brasil precisa de uma política industrial séria, o setor está sendo destruído”, aponta o presidente do Sindmetau

Foto: Divulgação

Os trabalhadores na LG Taubaté rejeitaram a proposta de indenização pelo encerramento da produção na fábrica da cidade e decretaram greve por tempo indeterminado. Os cerca de 700 trabalhadores dos setores de celulares e IT (notebook, monitores) estão parados desde a última segunda-feira, 12. 

A direção do Sindmetau (Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região) e os trabalhadores iniciaram um cronograma de mobilização, com ações como vigília na porta da fábrica. No final da tarde de ontem, foi realizado um ato online em defesa dos empregos com a participação de diversas lideranças sindicais.

“A LG tomou uma decisão unilateral de fechar a fábrica de Taubaté. O mais importante seria a permanência das empresas aqui, com mais investimentos e política industrial. Nós vamos fazer a luta que for necessária para defender o interesse dos trabalhadores e trabalhadoras”, afirmou o presidente do Sindmetau, Claudio Batista, o Claudião.

Desindustrialização

O dirigente avaliou que o impacto na região é enorme, destacou as demissões nos últimos anos e relembrou o caso da Ford que também anunciou este ano a saída da cidade.

“O impacto aqui é enorme. A Ford nos últimos três anos saiu de 2 mil trabalhadores para zero. A LG tinha 3 mil trabalhadores em 2015 e agora ficarão apenas 300. A Volks saiu de 5.600 trabalhadores em 2014 para 3 mil atualmente. Isso se deve ao golpe, à Lava Jato que foi um arrebento para as indústrias e à falta de uma política industrial”, avaliou o presidente do Sindmetau.

“Aqui em Taubaté isso impacta demais o setor automobilístico, tínhamos 27 mil trabalhadores na base em 2012 e agora estamos com 12 mil. Precisamos de uma política industrial séria, não tem outro caminho, o setor está sendo destruído, devastado, e esse governo praticamente entregou tudo nas mãos dos estrangeiros e deixou o trabalhador órfão ao falar que as indústrias podem fazer o que quiser que terão aval do governo”, concluiu.

Os reflexos do encerramento da produção na LG afetam diretamente outras três empresas na região, Blue Tech e 3C, em Caçapava, e Sun Tech, em São José dos Campos, que são fornecedoras exclusivas da fabricante sul-coreana e somam cerca de 430 postos de trabalho.

Entenda o caso

Em janeiro deste ano começaram a circular informações no mercado e na imprensa sul-coreana sobre uma possível venda da divisão de celulares da LG. O Sindicato acionou a empresa, mas recebeu ofícios com respostas evasivas. Um pedido de reunião com o presidente da LG também não foi atendido.

No dia 5 de abril, a direção da LG disparou um comunicado no qual informava o encerramento global da divisão de celulares, alegando que a área acumulava um prejuízo de 4,1 bilhões de dólares.

No dia seguinte, em reunião com o Sindicato, a empresa informou que pretende levar a linha de notebooks e celulares de Taubaté para Manaus, com a alegação de que lá terá incentivos fiscais, o que não ocorre no Estado de São Paulo.

Com informações do Sindmetau