Trabalhadores na Mercedes aprovam acordo que garante futuro da planta de são Bernardo
Negociação e mobilização conquistaram acordo que assegura a realocação e a requalificação de todos os trabalhadores em áreas que serão afetadas por terceirização da montadora
Após um intenso processo de mobilização, reuniões e plenárias, os trabalhadores na Mercedes aprovaram a proposta negociada pelo Sindicato que reduz o impacto da terceirização anunciada pela montadora em setembro. O acordo garante a realocação de todos os trabalhadores nas áreas envolvidas, com requalificação profissional, e assegura o futuro da planta de São Bernardo. A assembleia foi realizada na manhã de sábado, 12, na rua do Sindicato.
O presidente dos Metalúrgicos do ABC e CSE na Mercedes, Moisés Selerges, agradeceu aos trabalhadores pelo resultado alcançado.
“O nosso primeiro objetivo era reduzir o impacto do plano anunciado pela empresa para então discutir a abertura de um PDV. Temos a certeza de que foi o melhor acordo possível e só conseguimos avançar por conta de vocês, trabalhadores e trabalhadoras. Quero agradecer a cada um que participou da construção desse acordo”, afirmou.
Moisés relembrou a fala que fez no dia 8 de setembro em assembleia na montadora que decidiu pela paralisação, após a empresa ter divulgado o boletim com anúncio de demissões e terceirização. Na ocasião, destacou que a mobilização dos trabalhadores seria para ensinar ao novo presidente da Mercedes que um processo de negociação se faz em torno de uma mesa, sendo que muitas vezes não vai prevalecer tudo o que o Sindicato quer, mas também não vai prevalecer tudo o que a empresa quer.
“O nosso sonho é que não houvesse terceirização, que todos os trabalhadores dentro da fábrica pudessem vestir o uniforme da Mercedes e que o Congresso Nacional não tivesse votado que as empresas pudessem terceirizar tudo. Não fugimos da responsabilidade, o sonho da Mercedes é que a fábrica fosse apenas uma montadora, não uma fabricante de veículos, mas isso também não é possível porque tem as vidas dos trabalhadores e das famílias em jogo. Para o Sindicato é importantíssimo que a planta de São Bernardo continue aqui e as negociações levaram isso em conta”, reforçou.
Processo intenso
Na assembleia, o diretor-executivo dos Metalúrgicos do ABC e CSE na Mercedes, Aroaldo Oliveira da Silva, resgatou o processo intenso de plenárias com os trabalhadores, mobilizações e negociações.
“O principal objetivo na construção do acordo foi garantir o futuro dos empregos, com planejamento e previsibilidade para as nossas vidas. Queremos discutir o futuro, quais os próximos veículos a serem produzidos e o processo produtivo. Isso passava por garantir a fábrica em São Bernardo e não assistir momentos de tristeza como tivemos com o fechamento da Ford, da Toyota e de outras empresas”, disse.
O acordo
Para garantir a realocação dos trabalhadores nas áreas envolvidas, será aberto um PDV (Plano de Demissão Voluntária) para todos os metalúrgicos na fábrica. Estão aptos ao PDV trabalhadores com, no mínimo, três anos de empresa. O plano possui uma parte fixa e uma parte variável, de acordo com o tempo de fábrica. Para os trabalhadores já aposentados, haverá ainda um bônus.
A negociação também assegurou a permanência do convênio médico até dezembro de 2023, independente da data de saída, e a permanência do vale-alimentação por 12 meses. Haverá um calendário do processo, previsto para o primeiro semestre do próximo ano.
Prazo determinado
Pelo acordo, os trabalhadores com contrato por prazo determinado terão prioridade de contratação assim que houver a retomada do crescimento da produção.
Confira o momento da aprovação: