Trabalhadores na Movent unidos na luta por respeito e direitos
Empresa impediu a entrada de todos os trabalhadores ontem. Sem pagamento à terceirizada que fornece alimentação, Sindicato tem fornecido almoço aos trabalhadores na luta
Os trabalhadores no Grupo Movent, em Diadema, continuam em estado de mobilização contra as demissões, pelo pagamento dos salários e direitos, pela retomada do plano de saúde, do restaurante, do fretado e até de matéria-prima para produzir. Ontem a empresa fechou os portões e impediu a entrada dos trabalhadores, mesmo os que não foram demitidos. Sem pagamento, desde terça-feira da semana passada, à terceirizada que fornece alimentação, o Sindicato tem fornecido alimentação aos trabalhadores na luta.
O coordenador da Regional Diadema, Antonio Claudiano da Silva, o Da Lua, destacou a importância da solidariedade. “Temos que manter viva a chama da resistência e da luta pelos direitos e fazer com que os trabalhadores possam continuar se alimentando, inclusive para aguentarem firmes na luta”, afirmou.
O dirigente destacou que está agendada uma mesa redonda com a empresa no Ministério do Trabalho na sexta-feira. “O intuito é que o Ministério ajude a mediar toda essa situação que a própria empresa provocou e que a gente saia com um encaminhamento que possa dar alento aos trabalhadores e trabalhadoras”.
O coordenador de área, João Paulo Oliveira dos Santos, o JP, contou do sentimento de incerteza e revolta dos companheiros e companheiras sem saber o que vai acontecer com seus empregos. “Estão sem dinheiro para pagar as contas e para sustentar suas famílias, já que o adiantamento não foi pago. A empresa alega que está passando por dificuldades financeiras, mas os trabalhadores acreditam que a má-gestão e a má-fé da empresa são os verdadeiros responsáveis”.
“O caso da Movent é um exemplo claro dos problemas do sistema capitalista. Em nome do lucro, as empresas se aproveitam dos trabalhadores, como meras ferramentas, e os descarta quando não são mais úteis. Precisamos construir um sistema que valorize as pessoas, e não o lucro. Um sistema que garanta uma vida digna para todos, sem exploração e sem desumanização”.
Após a conquista da reintegração da trabalhadora demitida grávida, Iara Chagas Gomes, e pela retomada do convênio médico, a companheira teve seu bebê anteontem. Os dois estão bem e com saúde.
São cerca de 190 demissões, entre elas pessoas com estabilidade no emprego, grávidas, companheiros com câncer, reintegrados pela justiça, vítimas de acidente de trabalho com redução da capacidade laboral, afastados pelo INSS, representantes sindicais e cipeiros.
“Tenho estabilidade e fui demitido, sofri um acidente de percurso e tenho problema no ombro e na coluna, também sou cipeiro do administrativo. Recebi o telegrama e é uma situação que não imaginava antes, pensava em sair aposentado daqui, meu filho mais velho tem 26 anos, mesmo tempo que tenho de empresa”, Fernando Alves dos Santos, inventário, trabalhador há 26 anos.
“Fiquei sabendo da demissão por telegrama, sofri esmagamento de um dedo no trabalho. Eles burlaram a lei, rasgaram a CLT e largaram os trabalhadores. Estamos em estado de mobilização, uma situação de dificuldade de todos devido a esses gestores que não sabemos quem são. Temos que ficar unidos, eles querem nos vencer pelo cansaço”, Simone Pereira Pimenta, suspensão leve, há 18 anos na empresa.
“Sofri um acidente de trabalho quando tinha três anos de firma, em 2007, e tenho estabilidade. Quando recebi o telegrama de demissão, pelo andar da carruagem, não foi muita surpresa. Estavam criando uma bola de neve, começaram a atrasar o FGTS, a dever fornecedores, restaurante, segurança, até chegarmos à situação de hoje. A empresa deveria fazer acordo com os trabalhadores”, Leonardo Bezerra da Silva, logística, há 19 anos na empresa.