Trabalhadores na Nakata também são vítimas da falta de política industrial
"Quantos empregos serão necessários perder para que haja uma reação contra tudo isso?". Sindicato negocia indenização para trabalhadores na Nakata, mais uma empresa a anunciar encerramento das atividades na base
O ano de 2021, terceiro da gestão Bolsonaro e Paulo Guedes, começou com avisos de fechamento de empresas e mais desemprego. Em janeiro, a gigante Ford anunciou sua saída do país com o encerramento das atividades nas três plantas brasileiras. O governo federal, que em um momento crítico econômico, em meio à pandemia de coronavírus, não apresenta nenhuma política de desenvolvimento industrial, deu de ombros.
Dadas as circunstâncias, os anúncios se seguiram. No começo de fevereiro, os trabalhadores na Nakata, em Diadema, foram surpreendidos com a decisão da direção de deixar São Paulo rumo à Extrema, em Minas Gerais. Desde então, apoiados pelo Sindicato, iniciaram um processo de mobilização para tentar reverter a decisão e preservar os 225 empregos.
“A Nakata é mais uma empresa que fecha por falta de política industrial. Estamos vivendo um completo descaso do governo em relação à questão da indústria, dessa forma o desemprego não cessará”, denunciou o secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges.
“Nossa maior preocupação é que essas não são as únicas, outras empresas também encerrarão suas atividades ou se mudarão porque, mais uma vez, não tem política para a indústria. A indústria que tinha papel importante no PIB e na geração de emprego precisar ser retomada. Até quando vamos aguentar isso? Quantos empregos serão necessários perder para que haja uma reação contra tudo isso?”, reforçou.
Negociação e luta
Após algumas reuniões com a direção da empresa, que se mostrou irredutível quanto a deixar Diadema, os representantes do Sindicato, respaldados pelos trabalhadores, passaram a negociar uma indenização para não deixar a companheirada na mão.
Em plenária na tarde da última sexta-feira, 19, na Regional Diadema, os dirigentes do Sindicato apresentaram aos companheiros os detalhes da negociação com a fábrica, que inclui, além dos valores a serem recebidos, continuidade do plano médico e da cesta básica para todos por seis meses após o fechamento.
“Desde o momento do anúncio, os trabalhadores se mostraram mobilizados para lutar pela permanência da fábrica e assim tentar preservar os empregos. Fizemos todo o possível, mas, diante da decisão da fábrica, negociamos uma indenização que trouxesse mais dignidade após o impacto causado na vida de cada um. Sabemos que não resolve a questão do desemprego, já que o dinheiro acaba, mas ajuda a passar com mais tranquilidade por esse período difícil. Desejamos boa sorte a todos e todas, contem sempre com os Metalúrgicos do ABC”, reforçou o coordenador de área João Paulo Oliveira dos Santos.
Para garantir que todos os direitos sejam pagos devidamente, os dirigentes sindicais reivindicaram que todas as homologações sejam feitas no Sindicato, apesar de a reforma Trabalhista permitir que sejam realizados diretos na fábrica.