Trabalhadores na Scania aprovam compromisso de luta em defesa dos empregos
Acordo de flexibilidade é importante para atravessar o período de baixa na produção, mas é preciso reduzir a taxa de juros e que o país tenha política industrial
Os trabalhadores na Scania, em São Bernardo, aprovaram em assembleias internas na terça-feira, dia 18, o compromisso de fazer a luta que for necessária para defender os empregos e melhores condições de vida, o que passa pela redução da taxa básica de juros, a Selic, atualmente mantida em 13,75% pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.
Um dos reflexos dessa política de juros é a queda das vendas e da produção. Nas assembleias, os trabalhadores foram informados sobre as férias coletivas para a produção na montadora por 10 dias, a partir de 10 de julho, e as paradas programadas de dois dias por semana, a partir de 28 de abril.
O vice-presidente dos Metalúrgicos do ABC, Carlos Caramelo, destacou que as paradas são asseguradas pelo acordo de flexibilidade de jornada, negociado pelo Sindicato com a montadora, que existe desde 2013 para adequar o volume de produção.
“O acordo de flexibilidade é fundamental para atravessar momentos de baixa e garantir empregos e renda aos trabalhadores, mas apenas ele não dará conta da situação. Temos a falta de peças, agravada pela antecipação de compra no ano passado com o Euro 6 e pelas dificuldades de financiamentos devido à alta taxa de juros no país, com queda nas vendas e na produção”, afirmou.
“Quem está à frente do Banco Central não tem compromisso com os trabalhadores, com suas famílias nem com o país. Com essa política de juros, não há investimentos em produção e não haverá venda de caminhões e ônibus. Temos que ir para as ruas e mostrar que somos contra esses juros abusivos”, chamou.
Política industrial
Caramelo ressaltou que as dificuldades enfrentadas no setor de caminhões ocorrem ainda devido à ausência de uma política industrial nacional dos últimos anos e que é preciso cobrar também os governos estaduais e municipais.
“Precisamos de políticas públicas que diminuam o impacto ou que gerem, além de uma cobertura social, trabalho e renda. Tudo isso passa por incentivos à economia, com crédito, linhas de financiamento específicas e, em contrapartida, a garantia dos empregos”.
#ARetomada
O vice-presidente do Sindicato também reforçou o chamado para o 2º turno das eleições da categoria, nos dias 25 e 26, para eleger o presidente, o Conselho da Executiva da Direção e o Conselho Fiscal.
“Nós, representantes dos trabalhadores, assumimos a responsabilidade de estar neste papel com muita dedicação. Quando negociamos com a empresa, tratamos dos interesses dos trabalhadores, de mães e pais de família, de jovens, não é pouca responsabilidade. Precisamos que estejam ao nosso lado, criticando, apoiando, divergindo e debatendo”, disse.
“É isso que importa e que nos alimenta na luta. Sem essa energia, a representação seria fraca, os direitos seriam mais atacados, com mais chances de retirada de direitos. Somos mais fortes poque estamos juntos, isso nos move, nos faz melhores, nos faz ser uma categoria, os metalúrgicos e metalúrgicas do ABC”.