Trabalhadores na Volks: Uma década de resistência em defesa da produção
O acordo de garantia de emprego por cinco anos terminou ontem na Volks, mesmo dia em que se encerrou a primeira fase do PDV. A organização dos companheiros na montadora nos últimos 10 anos marca uma luta de resistência contra uma conjuntura adversa, para influenciar o processo de reestruturação da Volks, e garantir o funcionamento da fábrica no ABC.
O acordo de garantia de emprego de cinco anos terminou ontem na Volks sem que a montadora executasse seu plano inicial: demitir em massa e implementar um severo corte de direitos. E tudo isso chegava com uma chantagem aos trabalhadores e ao Sindicato, pois a multinacional ameaçava fechar a planta Anchieta.
Ontem, também terminou a primeira fase do PDV que, em números preliminares, teve a adesão de 1.063 companheiros. Eles deixarão a fábrica recebendo todos os seus direitos e mais 1,4 salário por ano trabalhado.
Essa foi mais uma etapa da luta do nosso Sindicato pela manutenção da planta Anchieta e contra o esvaziamento industrial do ABC. Com organização e resistência conseguimos influenciar o processo de restruturação e reverter o projeto da matriz de acabar com a planta Anchieta.
“A Volks continua como grande empregadora na região, com produtos modernos que garantem o futuro da unidade”, disse o secretário-geral do Sindicato, Rafael Marques.
Ele lembrou que, por ação do Sindicato e dos trabalhadores, o processo de restruturação da planta Anchieta já tem mais de 10 anos e pode ser considerado um dos mais lentos que se tem notícia.
“É uma resistência vitoriosa, pois evitamos o fechamento da empresa e garantimos o futuro da fábrica com os dois novos produtos”, comentou.
Conjuntura sempre foi de desafios
Em 1979, a Volks chegou a ter quase 40 mil trabalhadores. Num único dia de 1981, um facão cortou 10 mil companheiros. Durante toda a década de 80, com o mundo em recessão, o Sindicato passou a desenvolver ações em defesa do emprego. E a cada ano uma nova dificuldade era imposta pela conjuntura.
O governo de José Sarney (1985-1989) não tomou medidas para superar o processo recessivo e o governo Collor (1990-1994) prejudicou a indústria nacional ao abrir de maneira indiscriminada as portas do Brasil para as importações.
O governo FHC (1995-2002) implanta o Regime Automotivo, que trouxe novas montadoras ao Brasil, e estimulou os Estados a entrarem numa guerra fiscal insana. Fábricas se mudaram da região, atraídas pela isenção de impostos, financiamentos baratos e todo tipo de facilidades.
Em 1997, FHC baixa pacote recessivo, aumentando o desemprego no País. No final daquele ano a Volks anuncia a demissão de 10 mil companheiros. A estratégia da fábrica já naquela época era esvaziar a planta Anchieta para, em seguida, fechá-la. Afinal, o Gol era o último investimento, ainda da década de 80.
Organização e resistência pelo emprego
A disposição de luta esteve presente a cada nova dificuldade ou ameaça. No anúncio das 10 mil demissões de 97, a intervenção dos trabalhadores chega ao acordo da jornada flexível, suficiente para manter os empregos.
No ano seguinte outro desafio e mais luta. Em 1998, quando houve o anúncio de 7.500 demissões, fizemos o primeiro acordo da semana de quatro dias. As demissões foram suspensas e a f&aa