Trabalhadores não podem ficar de fora do debate sobre tecnologia e inovação, alerta Dieese
Metalúrgicos do ABC e representantes de sindicatos discutem propostas à conferência nacional do setor que norteará políticas para os próximos dez anos
A dois meses da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), o movimento sindical prepara e sistematiza suas propostas. Os Metalúrgicos do ABC e demais representantes de sindicatos ampliaram o debate sobre o tema na última sexta-feira, dia 5, na Conferência CT&I e o Mundo do Trabalho na sede do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na capital paulista.
O debate é crucial, segundo o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Júnior. “Nosso desafio é maior que o dos anos 90. A classe trabalhadora é diretamente atingida pelas mudanças tecnológicas, mas precisa se apropriar delas para ter melhores condições de vida e trabalho”, afirmou.
O encontro reuniu dirigentes das centrais sindicais, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – que organiza a conferência nacional, marcada para 4 a 6 de junho, em Brasília. Será o primeiro evento nacional em 14 anos e suas conclusões deverão nortear políticas públicas e outras ações pelos próximos dez anos. Além de eventos regionais e temáticos, estão sendo realizadas aproximadamente 130 conferências livres, como a que aconteceu no Dieese.
Oportunidades
Para Marinho, pensar em ciência, tecnologia e informação sem a questão do trabalho seria incompleto. “Nós temos, seguramente, uma grande janela de oportunidades no Brasil a partir das nossas riquezas naturais, da inteligência brasileira nas universidades, nos institutos federais, nas várias academias, na presença dos nossos cientistas e da inteligência acumulada nos sindicatos brasileiros”, afirmou.
O ministro concordou com os demais debatedores de que, apesar da evolução tecnológica ser necessária, temos que pensar e organizar qual o limite de um processo de implantação dessas tecnologias. “Como vai ser daqui a 20 anos se nós permitirmos que a inteligência artificial e inovações revolucionárias e tecnológicas sejam implantadas sem o devido debate no mundo do trabalho?, questionou.
Fausto defendeu ainda a regulamentação de dispositivo do Artigo 7º da Constituição sobre direitos dos trabalhadores, que fala em ‘proteção frente à automação’. “Isso (o debate sobre inovação) não pode ficar no mundo das empresas e da universidade. Tem que chegar nos locais de trabalho”, disse o diretor técnico. Os representantes das centrais também enfatizaram a importância de conciliar essas mudanças com “proteção civilizatória”, para evitar mais precarização.
Com informações da Rede Brasil Atual e CUT