Trabalhadores param Polo Petroquímico do ABC por uma hora

Paralisação marca o início da campanha salarial da categoria; mais de 700 trabalhadores aderiram à manifestação

Paralisação dos cerca de 700 trabalhadores, atrasando em uma hora a entrada do turno da manhã desta terça-feira (20), no Polo Petroquímico de Capuava, marcou o início das negociações da Campanha Salarial 2009 da categoria química em São Paulo.

 Promovida pelos sindicatos dos Químicos do ABC, Plásticos e Químicos de São Paulo e Químicos Unificados (Osasco, Campinas e Região), com a coordenação da Federação dos Trabalhadores Químicos da CUT no Estado de São Paulo (Fetquim), a paralisação aconteceu horas antes da primeira rodada de negociação com o setor patronal (CEAG 10 – Comissão de Estudos e Assessoria do Grupo 10 da FIESP), realizada às 10h, na sede da Fetquim, no centro de São Paulo.

Com o apoio de vários sindicatos da região, mais de 200 sindicalistas químicos e de outras categorias ficaram em cinco pontos estratégicos de acesso às principais empresas do Pólo para parar os ônibus que traziam os trabalhadores para o turno da manhã. O protesto, além de pacífico, foi muito bem humorado, com muitos carros de som, bexigas, papéis, balões infláveis e até uma banda musical que ficou tocando em frente à entrada da Quattor Petroquímica, durante a paralisação.

“Nosso objetivo é pressionar o sindicato patronal das indústrias químicas a atenderem nossas reivindicações da Campanha Salarial 2009, afinal muitas avaliações apontam que as empresas químicas tiveram bom desempenho entre 2006 e 2008 e isso não foi repassado aos trabalhadores”, afirmou o coordenador político da Fetquim e diretor do Sindicato dos Químicos do ABC, Geraldo Melhorine.

“Agora é hora de mobilizar e garantir a pressão necessária para uma Campanha Salarial vitoriosa da categoria química aqui em São Paulo”, comenta o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Paulo Lage.

 Proposta de reajuste só no dia 30, afirma CEAG-10

 Logo no início da primeira rodada de negociações, os representantes patronais informaram que só discutiriam as cláusulas econômicas no dia 30, devido ao calendário de assembléias empresariais. Assim, os pontos colocados na mesa limitaram-se à redução da jornada para 40 horas e à qualificação profissional para pessoas com deficiência, que sinaliza para uma proposta de consenso entre as partes.

 Já a redução da jornada foi categoricamente negada pelo CEAG-10 sob o argumento econômico de que os doze segmentos do ramo químico não têm condições de absorver o aumento nos custos gerado pela redução para 40 horas. O que foi entendido como uma contradição pelos sindicalistas, pois a Confederação Nacional de Indústria (CNI) divulgou posição defendendo de que o tema deveria ser objeto das negociações coletivas e não de projeto-lei, como o que tramita no Congresso Nacional por iniciativa das centrais sindicais.

 A próxima rodada de negociações está agendada para o dia 30 de outubro, também em São Paulo.

 Campanha Salarial Unificada 2009

 Com data-base em 1º de novembro, este ano apenas as cláusulas econômicas, a jornada de trabalho e a cláusula de portadores de deficiência serão negociadas, pois as demais cláusulas da Convenção Coletiva da categoria química têm vigência de dois anos. Os pontos reivindicados são:

– Reajuste de 10% (INPC + 5,94%)

– Piso salarial de R$ 900,00

– Participação nos Lucros e Resultados (PLR) no valor de dois salários normativos (piso)

– Redução da jornada para 40 horas semanais sem redução de salário

– processo de qualificação profissional para pessoas com deficiência

 Quem coordena a campanha salarial unificada é a Fetquim – Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico no Estado de São Paulo), que reúne os sindicatos Químicos do ABC; Químicos e Plásticos de São Paulo; e Químicos Unificados (Osasco, Campinas e Vinhedo), totalizando uma representação de 125 mil trabalhadores na base, equivalente a 70% dos trabalhadores do ramo químico no estado.

Do Sindicato dos Químicos do ABC