Trabalho digno e vida digna: a luta pelo fim da escala 6×1

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Foto: Divulgação

A luta contra a jornada de trabalho na escala 6×1, que rapidamente se expandiu na sociedade trouxe à tona novamente a necessidade de se debater a relação entre trabalho e qualidade de vida. A rápida disseminação e mobilização para combater a escala 6×1 revela o descontentamento de parte expressiva da população com o mundo do trabalho que demanda muito esforço e tempo, mas devolve pouco em remuneração e qualidade de vida. Esse tipo de trabalho envolve a quase totalidade da vida da pessoa, num esforço incessante pela sobrevivência, que não possibilita viver com a família, descansar dignamente e interagir socialmente, afetando a saúde física e mental. 

Como sempre, os defensores da manutenção da escala 6×1 argumentam que ela gera empregos e aumenta a competitividade diminuindo custos. Portanto, a sua extinção geraria perda de postos de trabalho e maiores custos para as empresas que seriam transferidos para os consumidores, além da falência de algumas delas. Esses argumentos não se sustentam, conforme aponta estudo feito pelo Cesit/Unicamp, ao demonstrar que a produtividade aumentou nos últimos anos acompanhada da redução da jornada de trabalho.

Outro ponto é que nossa hora de trabalho é uma das mais baixas do mundo e nossa jornada uma das mais altas. Segundo os pesquisadores do Cesit/Unicamp, esses mesmo argumentos foram utilizados quando se discutiu a implantação do salário mínimo (1936) e do 13º salário (1962) no Brasil, e mais recentemente a política permanente de valorização do salário mínimo no governo Lula (2007). Como sabemos, essas políticas aumentaram o poder aquisitivo dos trabalhadores e geraram crescimento e desenvolvimento econômico.

A abolição da escala 6×1 pode impulsionar a retomada da luta pela redução geral da jornada de trabalho. Os enormes ganhos de produtividade alcançados com as inovações tecnológicas possibilitam que os trabalhadores preservem seus níveis de salários, trabalhem menos e possam gerar mais empregos quando a economia crescer. Vamos unir forças em 2025 pelo fim da escala 6×1 e pela redução da jornada geral de trabalho.

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