Trabalho escravo: Fiscalização liberta 1.100 trabalhadores no Pará

Alojamentos lotados,
falta de água, comida estragada
e salários atrasados.
Essas são algumas das condições
sob as quais foram
encontrados ontem 1.100 trabalhadores
em uma fazenda
no Pará. O Ministério Público
do Trabalho (MPT) informou
que foi a maior libertação
de trabalhadores em
condição iguais a de escravos
no País.

A fazenda onde foram
libertados os trabalhadores
fica em Ulianópolis, a 250
quilômetros de Belém, e pertence
à empresa Pará Pastoril
e Agrícola S.A. Os patrões
devem aos empregados R$
1,8 milhão, de acordo com os
cálculos da fiscalização.

Humberto Célio, coordenador
do MPT, contou
que foram notificadas diversos
tipos de irregularidades
na fazenda. “Esgoto a céu
aberto e superlotação no
alojamento, que tinha mau cheiro
e onde as pessoas dor-miam
umas sobre as outras, em redes,
e muita gente doente por causa
do ambiente”, conta.

Dívida prendia o pessoal

Os trabalhadores acordavam
às 3h da madrugada
e só voltavam às 5 da tarde,
em ônibus caindo aos pedaços
ou obrigados a andar por
quilômetros a pé.

Os trabalhadores libertados
são, na maioria, do Maranhão
e Piauí e não era a primeira
vez que trabalham na
fazenda. Alguns disseram que
estavam lá para encontrar
uma situação melhor e poder
mandar dinheiro para casa.
As dívidas com os fazendeiros, no entanto, eram sempre
maiores que os salários.

O auditor informou ainda
que os descontos com alimentação
e medicamentos
não permitiam aos empregados
receber o salário prometido,
de cerca de R$ 200,00.
“No final do mês, não tinham
direito a nada. Isso era
o normal lá”, disse.

A Pará Pastoril e Agrícola
é apontada pelo MPT como
uma das maiores produtoras de
álcool combustível do Estado.