Trabalho escravo: o lucro imoral
Cerca de 12 milhões de trabalhadores em regime de escravidão em todo o mundo dão lucro de R$ 150 bilhões aos seus exploradores. Os números são de relatório da Organização Internacional do Trabalho, que destaca o Brasil como exemplo no combate ao trabalho escravo.
Exploradores têm lucros astronômicos
O Brasil é citado como exemplo no combate ao trabalho escravo no Relatório Global 2005 sobre Trabalho Forçado divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo o levantamento, cerca de 12,3 milhões de pessoas no mundo trabalham em regime de escravidão, gerando lucros de R$ 150 bilhões por ano para os exploradores.
“O trabalho forçado representa a outra cara da globalização”, afirma a OIT. “Trata-se de um problema mundial, presente em todas as regiões e em todos os tipos de economia”, prossegue.
Com 9,5 milhões de vítimas, a Ásia registra o maior número de escravos. América Latina e Caribe vêm depois, com 1,3 milhão; seguidos pela África, 1,2 milhão; EUA e Europa, 360 mil; e Leste Europeu, com 210 mil pessoas em trabalho forçado.
Brasil é modelo no combate
“Se no passado o Brasil foi criticado pelo baixo número de processos na Justiça relacionados a crimes de trabalho forçado, houve uma mudança significativa desde o início de 2003, quando o governo adotou medidas mais fortes para combater o trabalho forçado e a impunidade no País”, afirma a OIT, embora estime que possam haver pelo menos 25 mil vítimas de trabalho escravo no País, a maioria nos Estados do Pará e Mato Grosso.
Em seguida, sugere que todos os países sigam os passos do Brasil, destacado no relatório como exemplo de nação que melhorou suas leis e a aplicação delas para combater a impunidade daqueles que praticam ou colaboram com o trabalho escravo.
“Sempre dizemos que o Brasil é o modelo. Existem pessoas que falam que a pobreza é a causa do trabalho escravo, mas nós insistimos que é a impunidade. É preciso combater a impunidade. O governo brasileiro vem tomando medidas eficazes e corajosas nesse sentido” , diz a OIT.
A Organização entende que as ações do governo fizeram com que as investigações e aberturas de processos crescesse muito nos últimos dois anos, pois mais de sete mil trabalhadores em regime de escravidão foram libertados entre 2003 e 2004. Nos sete anos anteriores, foram só três mil.