Trabalho informal: Concorrência desleal também prejudica empresas

A Esquadrimetal, empresa de Diadema que há seis anos tinha 850 trabalhadores, hoje conta com apenas 50 e busca equilíbrio financeiro para conseguir reverter o atual quadro de dificuldades. Ela produz portas e janelas de alumínio.

Entre os vários fatores que contribuíram para essa situação está a concorrência desleal de pequenas empresas que não registram fun-cionários e sonegam impostos, conseguindo assim baratear o preço do produto.

“Fomos devorados por fabricantes menores”, disse o presidente da empresa, Francisco Canho Júnior.

Esse não foi o único problema. O setor da construção civil caiu pela metade nos últimos anos e, ao mesmo tempo, surgiram dezenas de pequenas empresas de esquadrias de alumínio padronizado.

“Nossos concorrentes diretos, basicamente os maiores e médios, são leais. Mas temos cerca de 40 empresas pequenas que praticam uma concorrência desleal”, comentou o diretor industrial Mauro Pires.

Ele explicou que os trabalhadores dessas empresas normalmente não são registrados em carteira. “O trabalhador perde, ficando sem direitos básicos, e o dono da empresa coloca um produto barato no mercado”.

O alumínio usado é de segunda qualidade e não existe preocupação com o acabamento, como os cuidados na vedação das esquadrias.

“Algumas delas fazem o trabalhador montar o produto em sua casa”, disse Francisco.

Ele afirmou que, como o consumidor está com o dinheiro curto, ele deixa de lado a qualidade e prefere o mais barato.

>> “Não perco as esperanças”

Até 1997, a Esquadrimetal tinha quatro plantas, duas em Diadema, uma em São Paulo e outra no Recife.

Ela lançava uma linha a cada seis meses e, para tanto, investia em tecnologia e no desenvolvimento de novos produtos

Agora, a empresa passa por uma reestruturação e tenta um novo modelo de venda para poder alavancar seus negócios.

Francisco explica que a Esquadrimetal tem nome forte e um produto com qualidade acima das expectativas.

Para ele, o Sindicato deveria exercer uma pressão maior nas empresas que não registram os trabalhadores, já que elas prejudicam as que estão dentro da legislação.

Francisco disse ainda que o Brasil precisa de uma política de desenvolvimento industrial. “Enquanto a agropecuária tem linhas de crédito a juros baixos, a indústria está abandonada e tem uma carga grande de impostos”.

Apesar de todas as dificuldades, Francisco avisa que não desiste: “Certeza eu não tenho, mas não vou perder a esperança”, concluiu.