Transposição do rio São Francisco: Água e desenvolvimento para 12 milhões de brasileiros

Desenvolver e dinamizar a economia de uma região que há séculos sofre com a indústria da seca são os principais objetivos da transposição do Rio São Francisco. Conheça detalhes do projeto que vai beneficiar 12 milhões de brasileiros.

A transposição do Rio São Francisco é a principal ação do governo para enfrentar os problemas de abastecimento de água que hoje afligem por volta de 12 milhões de pessoas no semi-árido nordestino.

Como o objetivo é desenvolver e dinamizar a economia da região, o projeto prevê obras de infra-estrutura hídrica, para armazenagem e distribuição de água, e também ações de revitalização do rio e recuperação do meio ambiente, com obras de saneamento básico em 400 cidades ribeirinhas.

Estudos do governo mostram que a transposição das águas terá impacto positivo no semi-árido, com ampliação do setor de serviços, da agricultura e da piscicultura, além da criação de gado na zona rural.

Integração

A transposição das águas vai permitir a integração do São Francisco às bacias de rios intermitentes (que sofrem interrupções por causa da falta de chuva) do semi-árido, beneficiando cinco Estados.

Junto com o programa estão programadas também ações emergenciais como a construção de cisternas, abertura de poços e de pequenos açudes para atender a população rural dispersa.

“O projeto não deve ser visto como a solução de todos os problemas do Nordeste, mas vai atender às necessidades de parte da população que hoje é atingida pela seca”, explicou Pedro Brito, chefe de gabinete do Ministério da Integração Nacional.

Fim da indústria da seca

O deputado federal Fernando Ferro (PT-PE), relator da emenda que cria o fundo permanente para revitalização do São Francisco, disse que entre os opositores ao projeto existe gente séria, gente com pouca informação e gente oportunista e má informada.

Ele acredita que parte das resistências vêm de pessoas com interesses locais. “A transposição afeta interesses históricos e o poder político local e regional”, explicou o parlamentar.

Para Pedro Brito, o projeto terá uma repercussão oposta à lógica da indústria da seca. “É um projeto que vai contra os interesses da elite, que se vale da pobreza para se beneficiar”, diz.

Estudos do Banco Mundial sobre cidades do semi-árido mostram que os projetos de irrigação na Bahia e em Pernambuco permitiram o desenvolvimento da região do São Francisco, geraram divisas e empregos e contribuíram para a melhoria da qualidade de vida das populações locais.

“Não vejo razão para impedir que esses benefícios se estendam às populações de outros Estados”, disse Luiz Carlos de Farias, presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba.

A transposição das águas do Velho Chico vai permitir a integração das bacias hídricas. Estão definidos dois eixos:

A transposição vai captar 26 metros cúbicos de água por segundo, que representa apenas 1% da água que o São Francisco joga no mar.

Os investimentos serão da ordem de R$ 4 bilhões, equivalente aos recursos que o governo federal gasta durante dois períodos de seca.

Faixas de terra de dois quilômetros que margeiam cada lado dos futuros canais foram declaradas de utilidade pública para fins de reforma agrária, evitando a especulação imobiliária.