Truculência: Backer demite diretor do Sindicato

No mesmo dia em que denunciou a ameaça de morte que recebeu, Joaquim José de Oliveira, do Comitê Sindical na Backer, foi demitido arbitrariamente ontem. Sindicato abre ação de crime contra a organização no trabalho.

O membro do Comitê
Sindical dos Trabalhadores
na Backer de São Bernardo,
Joaquim José de Oliveira foi
demitido arbitrariamente
ontem, no mesmo dia em
que denunciou ser ameaçado
de morte.

A demissão de Joaquim
é mais uma retaliação da fábrica
contra a representação
dos trabalhadores e dá prosseguimento
a uma série de
práticas anti-sindicais que
começaram com a luta pelo
pagamento da PLR. Uma
dessas práticas foi o afastamento
de José Mário, vicepresidente
da CIPA.

No final de abril, durante
uma assembléia de mobilização
pelo PLR, duas pessoas
foram flagradas fotografando
trabalhadores.

Logo depois, o vice-presidente
da CIPA tomou uma
suspensão de um dia e, quando
retornou ao trabalho, foi
afastado para apuração de
falta grave, que a Backer não
explica qual é.

Em seguida, no dia 3 de
maio, Joaquim foi ameaçado
de morte por dois homens
numa moto.

Imediatamente após a
ameaça, o Sindicato apresentou
uma representação sindical
contra três diretores da
Backer e, ontem, antes da
demissão, havia ingressado no
Ministério Público Federal
com uma ação em defesa da
liberdade sindical e outra por
crime contra a organização
do trabalho. As duas visam
apurar eventuais práticas
anti-sindicais dos patrões da
Backer.

Joaquim foi ameaçado
de morte por dois homens na
tarde do último dia 3 de
maio. Um deles o chamou
pelo nome e disse: “Pare de
fazer oposição na Backer senão
vai ficar distante da família
mais cedo”.

Ameaça coletiva – “Quando um membro
da diretoria do Sindicato é
ameaçado de morte, toda a
representação sindical é vítima”,
explica Rui Rios, advogado
do Sindicato. “Nesse
caso, o problema deixa de ser
individual e passa a ser coletivo,
pois repercute sobre
toda a categoria”, acrescenta.

Segundo ele, a ameaça
não tem outro sentido senão
o de tentar inibir a ação sindical
na fábrica, que é protegida
pela Constituição e por
convenções da Organização
Internacional do Trabalho.

Para o diretor do Sindicato,
José Paulo Nogueira, o
Zé Paulo, a demissão de Joaquim
reforça as duas novas
ações do Sindicato. “A empresa
não consegue ter um
convívio democrático conosco.
Não respeita o direito de
representação e negociação e
parte para a truculência”,
protesta Zé Paulo.