Truculência, violência e burrice


Há dias, a estudante de Turismo Geyse Arruda foi hostilizada por um grupo de alunos no campus
de São Bernardo da Uniban porque usava um vestido curto. Pouco depois, a direção da escola alegou que seus trajes eram impróprios e expulsou a garota da faculdade.

O caso ganhou repercussão internacional e amplos setores foram unânimes em condenar a
atitude da Uniban. A universidade retirou a punição, reconhecendo a pressão que sofreu.

O ministro-chefe da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, falou à Tribuna
Metalúrgica sobre o caso.

 

 

Como o senhor analisa a expulsão da aluna?
Chocante e burra, pelo prejuízo que a expulsão causa para a própria imagem e respeitabilidade da universidade.

Pior é a deseducação que promove ao culpar uma vítima, como muitas vezes se faz nos casos de
violência contra a mulher.

Se houve estupro é porque ela deve ter provocado, é o argumento de quem ignora os princípios da democracia e dos direitos humanos.

Assusta constatar que essa truculência, digna dos piores fascismos e dos piores tempos da ditadura, tenha partido da direção da universidade.

O que leva uma multidão a agredir alguém num ambiente universitário?
A fúria da multidão e a violência da instituição se explicam pelo baixo nível de amadurecimento da Educação em Direitos Humanos.

A escola tem que educar para o respeito ao outro, a compreensão diante das diferenças e, sobretudo, ensinar solidariedade humana.

Se uma instituição não ensina isso e, pelo contrário, aprova agressões e linchamentos, de suas classes sairão profissionais preparados para reforçar a violência hoje existente e não para construir uma cultura de paz.