Tunísia e Egito inspiram delegações no Fórum Social Mundial
A Revolução do Jasmin na Tunísia e o levante popular para derrubar três décadas de governo do presidente egípcio Hosni Mubarak motivaram delegações no Fórum Social Mundial que acontece em Dacar, no Senegal.
No meio de uma cena caótica, cheia de participantes buscando pelos locais dos seminários depois do cancelamento da reserva de salas na Universidade Cheikh Anta Diop, algumas delegações fizeram os seus debates em campos abertos e salas fora do campus.
Os locais improvisados não conseguiram diminuir a paixão dos aproximadamente 60 mil delegados que viajaram de todos os cantos do mundo para participar do evento anual.
Uma das mesas que mobilizaram centenas dos participantes foi o depoimento de um tunisiano que estava na primeira linha da Revolução do Jasmin, em janeiro. O ativista. do partido comunista, de 55 anos, falava no evento Diálogo People to People´s, organizado por Pambazuka, African People´s Dialogue e pela Rede de Justiça Climática, no Centro Rosa Luxemburgo, em Dacar.
Fathi Chankhi, ativista há 30 anos, disse aos presentes no Diálogo People to People´s que a revolução na Tunísia foi iniciada pelos camponeses das áreas rurais.
Mohamed Bouazizi, o vendedor ambulante que ateou fogo em si mesmo após os seus pertences terem sido confiscados arbitrariamente pela polícia no dia 17 de dezembro, cresceu em um vilarejo chamado Sidi Salah, e assim como muitas outras, sua família se mudou para a cidade mais próxima na procura por uma vida melhor.
Milhares se inspiraram com esse ato trágico e desafiador, e no dia 4 de janeiro, quando ele morreu devido aos ferimentos, a frustração que tanto ele quanto milhões de outros sentiam se liberou com uma força que já derrubou um presidente autocrático e ameaça muitos outros.
“No atual momento, estamos tentando criar a revolução e entender o que significa essa nova situação no país.” contou Fathi para a platéia.
Ele afirmou que: “a região (norte-africana) é um dos pilares do sistema capitalista, o coração do capitalismo, e era um lugar onde floresciam diversos ditadores”. Foram as pessoas que acabaram com isso, disse ele, quando ficaram cansadas desses ditadores.
Fathi contou que a revolução foi liderada pelos jovens e trabalhadores que queriam ser livres. “A revolução na Tunísia foi a vontade do povo que queria se ver livre dos ditadores.”
Membros da platéia, que aplaudiam e gritavam “viva a Tunísia!” durante a fala, ficaram cheios de orgulho de Fathi. O ativista costarriquenho, Carlos Aguilar, disse: “Essa fala foi motivadora”.
Outro ativista da África do Sul disse que as revoluções na Tunísia e no Egito são uma inspiração para todos os africanos. Virginia Setshsedi, de Soweto, disse que “nós devíamos aprender com esse depoimento e voltar para casa para organizar os trabalhadores”.
Fathi destacou que o povo da Tunísia está trabalhando junto agora, e alertou que as diferentes classes não devem lutar umas contra as outras. “Os jovens estão se movimentando e o povo trabalhando junto.”
“Esperamos que outros na América Latina e Europa possam aprender com nossa revolução. Estamos caminhando para um futuro de ouro. Estou muito feliz.”, acrescentou Fathi.
Da Agência IPS, via Vermelho