TV ainda é meio de comunicação preferido por 76% dos brasileiros
Internet fica em segundo lugar, com 13% da preferência, mas a maioria diz não confiar no que lê na web, blog e redes sociais, diz pesquisa do governo federal
A televisão é o meio de comunicação preferido da maioria dos brasileiros (76,4%). Na sequência, mas ainda muito distante, vem a internet, que tem a preferência de 13,1% da população do País. Esses dados integram o documento Pesquisa Brasileira de Mídia 2014 – Hábitos de Consumo de Mídia pela População Brasileira, divulgado sexta-feira (7) pela Secom (Secretaria de Comunicação Social), órgão da Presidência da República.
Segundo a pesquisa, apesar de os usuários de internet passarem mais tempo navegando que os telespectadores passam assistindo a programas na TV, o alcance da televisão é muito maior que o da web nos lares brasileiros: só 3% dos entrevistados disseram não assistir nunca a televisão. No caso da internet, 53% dos entrevistados afirmaram não ter o hábito de acessar a rede mundial de computadores. A abrangência do rádio é substancialmente menor. Cerca de 39% dos entrevistados não têm por hábito ouvir rádio e apenas 21% ouvem rádio todos os dias.
O objetivo da pesquisa, segundo a Secom, é, ao detectar por quais meios de comunicação o brasileiro se informa, subsidiar e nortear a elaboração da política e das estratégias de comunicação do governo federal. O levantamento foi realizado pelo Ibope Inteligência, que ouviu 18.312 pessoas em 848 municípios entre 12 de outubro e 6 de novembro do ano passado. A margem de erro é de 1 ponto percentual, assumindo o intervalo de confiança de 95%. A pesquisa custou R$ 2,4 milhões e será realizada anualmente a partir de agora.
Apesar de a pesquisa mostrar hábitos de consumo de mídia, a verba e as políticas de publicidade do governo federal continuarão sendo definidas por dados de audiência e vendagem, como o comScore*, por exemplo. “Os critérios (de publicidade do governo federal em meios de comunicação) são os que já existem, adotados pelo governo brasileiro desde 2008, critérios técnicos baseados em pesquisa de audiência no caso de televisão e rádio, de circulação no caso de jornais e revistas. Essa pesquisa (divulgada hoje) vai basear estratégias de comunicação do governo no futuro. Estamos falando de coisas diferentes”,disse Oministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Thomas Traumann.
Falta confiança – Por conta da sua diversidade, os novos meios de comunicação ainda não ganharam a confiança dos leitores: apenas 28% confiam muito ou sempre em notícias de sites; 24% em notícias de redes sociais, e 22% em notícias de blog.
Parte da vice-liderança da internet apontada pela pesquisa encomendada pelo governo federal se explica pelo custo do acesso, nível de escolaridade e interação com ferramentas tecnológicas. A maioria dos brasileiros (53%) ainda não acessa a rede, mas a proporção de cliques cresce à medida que aumenta a renda e a escolaridade dos entrevistados.
Enquanto 21% dos entrevistados com renda familiar de até um salário mínimo acessam a rede semanalmente, a proporção sobre para 75% se analisados aqueles com renda superior a cinco salários mínimos. A mesma relação se repete quando a pesquisa mensura os acessos à internet em casa. Entre os respondentes com renda superior a cinco salários mínimos, 78% tem acesso à web em casa, enquanto o acesso em domicílio do grupo com menos de um salário mínimo de renda se limita a 16%.
Os mais escolarizados também levam vantagem: 87% dos entrevistados com nível superior disseram têm acesso à internet pelo menos uma vez por semana. Por outro lado, só 8% dos entrevistados que cursaram até a 4ª série acessam a rede mundial de computadores ao menos uma vez por semana.
De acordo com o levantamento, 53% dos entrevistados que usam jornal impresso afirmaram confiar sempre ou muitas vezes nas notícias veiculadas. Essa porcentagem cai para 50% quando o universo em questão são as notícias exibidas no rádio, para 49% no caso da televisão e chega a 40% entre os leitores de revistas.
Apenas 28% dos usuários afirmam confiar sempre ou muitas vezes nas informações veiculadas pela internet
A confiança é baixa entre os entrevistados que usam a internet: apenas 28% dos usuários afirmaram confiar sempre ou muitas vezes nas informações veiculadas em sites. A confiança nas notícias veiculadas em redes sociais é de 24% e ainda menor entre os blogs: 22%.
O Ibope também questionou as pessoas sobre a confiança nas propagandas veiculadas em diferentes meios de comunicação. De novo, os jornais impressos foram considerados os mais confiáveis: 47% dos entrevistados que usam esse meio afirmaram confiar sempre ou muitas vezes em anúncios de publicidade publicados em jornais impressos, índice superior ao constatado entre os anúncios de TV (42%), rádio (42%), revistas (36%), sites (23%), redes sociais (22%) e blogs (19%).
Na pesquisa, foi perguntado aos entrevistados que usam internet quais são os sites, blogs ou redes sociais mais acessados entre segunda e sexta-feira. De forma espontânea – ou seja, sem que o pesquisador tenha apresentado uma lista previamente elaborada –, o mais citado foi o Facebook (63,6%). Em segundo, aparece o site da Globo.com (7%) e, em terceiro, o G1 (5,6%). Além desses três, os dez primeiros incluem Yahoo (5,0%), YouTube (4,9%), UOL (4,8%), R7 (2,9%), MSN (2,7%), iG (2,7%) e Terra (2,3%). Ao todo, o levantamento relaciona 20 sites, blogs ou redes sociais.
De acordo com a sondagem, de segunda a sexta-feira, os internautas ficam, em média, três horas e 39 minutos na internet, enquanto os telespectadores passam três horas e 29 minutos vendo TV. Os que ouvem rádio nesse período dedicam três horas e sete minutos a esse hábito e os que leem jornais impressos, uma hora e cinco minutos.
Outro dado da pesquisa revela que 75% dos entrevistados nunca leem jornais e 85% nunca leem qualquer revista. Apenas 6% dos brasileiros entrevistados disseram ler jornais diariamente. Mesmo em baixa, o jornal impresso é o veículo apontado como de maior credibilidade: 53% das pessoas consultadas responderam que confiam sempre, ou muitas vezes, nos jornais.
Publicidade – O ministro Thomas Traumann disse que a política de publicidade do governo federal em relação à internet tem evoluído ao longo dos últimos anos.
“Em 2011, os gastos de publicidade da Secom em internet foram em torno de 8%, em torno de 9,5% em 2012. Em 2013, eles foram para 11,5% e este ano o orçamento já anunciado ano passado iria para 15%. É uma evolução natural”, afirmou o ministro, ao comentar os resultados da “Pesquisa brasileira de mídia 2014 – Hábitos de consumo de mídia pela população brasileira”, encomendada pela Secom.
De acordo com o ministro, não foi a pesquisa que fundamentou a evolução nos gastos com publicidade em internet. “Essa é uma evolução que o mercado todo já está fazendo”, comentou. Traumann destacou que o Palácio do Planalto tem feito um trabalho forte na rede mundial de computadores, como o lançamento da página oficial do Palácio do Planalto no Facebook e o relançamento do Portal Brasil.
“Já temos essa avaliação clara de que a internet é um espaço privilegiado onde a comunicação do governo tem de estar. Temos feito uma política desde o ano passado de tentar uniformizar os sites dos ministérios, de utilizar a internet como plataforma privilegiada nas informações do governo”, disse o ministro.
Destaques– A TV é mais popular entre os maiores de 65 anos (73% assistem todos os dias), entre as mulheres e entre as pessoas que realizam atividades domésticas.
Mulheres costumam assistir mais televisão do que homens: nos dias de semana, elas passam, em média, três horas e 47 minutos ligadas na programação; eles, três horas e dez minutos. No fim de semana, a diferença diminui – as mulheres reduzem o tempo à frente da TV e os homens aumentam. Programas de notícias e jornalismo são citados por 80% das pessoas quando questionadas sobre o que assistem na TV; as novelas, por 48%. No fim de semana, porém, os programas de auditório assumem a liderança: são lembrados por 79%.
A média de intensidade de uso da televisão é de três horas e 29 minutos (a intensidade de consumo é medida em horas gastas por dia com o meio de comunicação). Goiás (cinco horas e 22 minutos) e Tocantins (quatro horas e 28 minutos) são os estados com maior intensidade de uso da TV. Intensidade é maior entre mulheres, inativos, maiores de 65 anos e habitantes de cidades com população superior a 500 mil habitantes. 67% dos entrevistados assistem somente TV aberta (no Acre, esse índice chega a 86%). TV a cabo é mais usada entre os mais jovens e à medida em que aumenta a renda e a escolaridade. 53% afirmaram nunca acessar a internet (no Piauí, esse percentual chega a 70%); 39% disseram nunca ouvir rádio; os que nunca assistem TV são 3%
E a pesquisa revela ainda que: notícias de jornais impressos são consideradas as mais confiáveis (19% afirmam confiar sempre); notícias em blogs e redes sociais são as menos confiáveis (20% nunca confiam). O programa “Voz do Brasil” é conhecido por 68% dos brasileiros; 50% consideram o conteúdo ótimo ou bom; 66% nunca ouvem.
Da CUT Nacional