TV dos trabalhadores: É a categoria que financia
Assembleia de 22 de novembro de 2007, onde foi aprovado o financiamento para a TV dos Trabalhadores.
Foto: Raquel Camargo / SMABC
No próximo dia 13, quando a TVT for ao ar, os metalúrgicos do ABC terão mais um motivo para se orgulhar. Eles serão responsáveis por um sistema de financiamento inédito no Brasil para um veículo de comunicação.
Isto vai acontecer porque os recursos da TV dos trabalhadores virão da própria categoria. Eles foram aprovados em assembleia na Sede, em 23 de novembro de 2007, e reafirmados no 6º Congresso, realizado ano passado.
A tevê é gerida pela Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho que, por sua vez, é mantida pelo Sindicato. Naquela assembleia, os trabalhadores aprovaram repasse de R$ 15 milhões do Sindicato à Fundação.
“Aquele dinheiro não foi usado integralmente na montagem da TVT. O aporte foi exigido pelo Ministério das Comunicações como necessário para reivindicar o canal e mostrar que a Fundação tem saúde financeira e capacidade para manter a emissora”, explica Valter Sanches, diretor de Comunicação do Sindicato e presidente da Fundação.
Alternativa
Segundo ele, a implantação da tevê custou R$ 1 milhão em equipamentos e tem um orçamento mensal de R$ 400 mil, o que lhe permite se sustentar por três anos. Está ainda nos planos a busca de recursos por patrocínio na forma de apoios culturais.
Outra alternativa de financiamento são parcerias com os movimentos sociais e sindical. “Também manteremos a TVT como produtora comercial de vídeos, o que pode contribuir com a operação da emissora”, planeja Sanches.
Modelo é inédito no Brasil
A TV dos trabalhadores é uma experiência inédita no Brasil e provavelmente na América Latina. Será a primeira mantida exclusivamente com dinheiro dos trabalhadores. O pioneirismo pode causar estranheza num país que conhece apenas o sistema comercial e controlado por poucos grupos empresariais.
O mundo conhece apenas duas formas de sustentação de um veículo de comunicação.
Uma delas é a comercial, no qual baseia-se o sistema brasileiro. Empresas mantém os seus veículos por meio da venda de publicidade.
Outro sistema é o público. Ele pode ser mantido por verbas oficiais e também pela população, num sistema misto. Este é o caso da inglesa BBC, que conta com financiamento do governo e de pessoas comuns, donas de cotas. A maior parte dos sistemas públicos foram criados nos países europeus ainda no início do século 20 e são mantidos assim até hoje.
O sistema público pode ainda bancar meios estatais de comunicação.
Operação
No primeiro modelo, uma empresa de comunicação é como um supermercado. Vende de tudo, de geladeiras a pirulitos, como também valores, hábitos e ideologia.
O Brasil só veio a conhecer o segundo modelo agora, no governo Lula, com a criação da TV Brasil. Não é uma estatal é uma teve pública. Conceitualmente ela não pode ser chapa branca e deve aceitar a interferência da população por meio de um conselho de representação.
Estatal, no caso brasileiro, é a Radiobrás, exclusiva para divulgar atos do governo central.