Um 1º de maio de luta
O 1º de Maio é considerado, internacionalmente, dia de luta dos trabalhadores. A data lembra o início de uma greve geral nos Estados Unidos, em 1886. Aqui, no ABC, o primeiro de maio também tem significado de luta. Há 20 anos, no 1º de Maio de 1980, trabalhadores da região, ao lado de trabalhadores de São Paulo e de lideranças operárias de todo o Brasil realizaram uma concentração histórica. Afrontando tropas da ditadura militar, em plena greve geral metalúrgica na região, trabalhadores reuniram-se na Igreja Matriz, de onde saíram em caminhada para lotar o Estádio de Vila Euclides, hoje renomeado Estádio Primeiro de Maio. Na caminhada mulheres e crianças carregavam rosas como forma de enfrentar os canhões e brucutus que tomavam as ruas de São Bernardo.
Agora a CUT decidiu voltar ao Estádio de Vila Euclides para comemorar o 1º de Maio de 2000. Vamos trazer de volta ao ABC lideranças políticas, artistas e personalidades comprometidas com a luta e com o futuro dos trabalhadores e do nosso país. Lula, Vicentinho, Chico Buarque, Jorge Benjor, Lobão, Zé Geraldo, Thaíde & DJ Hun, DMN, SNJ, além de outros grupos musicais.
O Brasil hoje é muito diferente de 20 anos atrás. Conquistamos nossa liberdade de organização e luta, construímos nossa Central Sindical, a CUT, conseguimos o respeito da sociedade, avançamos em muitas frentes na conquista da nossa cidadania. Na questão da jornada de trabalho, principal referência da história do 1º de Maio, o ABC também está muito a frente da realidade de 20 anos atrás. Em várias das fábricas da nossa região os trabalhadores têm jornadas de 40 horas semanais.
Mas há ainda muita luta pela frente. O Brasil continua submetido a interesses de minorias, permanece dependente de agiotas e organismos internacionais e ainda não conseguiu libertar-se da condição de país colonizado por povos e culturas estranhas. É esta a impressão que nos restou das comemorações dos 500 anos, com o desemprego voltando a subir na Grande São Paulo, de 17,7% para 18,4% de fevereiro para março. É um exército de 1,647 milhão de desempregados ajudando a achatar ainda mais os rendimentos reais de quem ainda se mantém no emprego.
Por tudo isto, para nós da CUT, o primeiro de maio continua sendo uma data em que é preciso lembrar um pouco da história das lutas dos trabalhadores. A começar pelo 1º de Maio de 1886, em Chicago, Estados Unidos, quando mais de 200 mil trabalhadores reivindicavam, através de greve geral, a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. Naquele tempo eram comuns jornadas de até 16 horas diárias.
A polícia e as forças armadas partiram violentamente para cima dos trabalhadores, matando 80 operários. Militantes foram presos e condenados à morte por enforcamento, como responsáveis pelo início do tumulto. Alguns anos mais tarde, foram declarados inocentes.
Em 1889, o Congresso Socialista Internacional, realizado em Paris, adotou o dia 1º de Maio como data internacional de luta dos trabalhadores. Seis anos mais tarde, em 1895, a comemoração chega ao Brasil através do Centro Socialista, de Santos.
Em São Bernardo, o 1º de Maio de 1980 nasceu dentro da campanha salarial dos metalúrgicos. Foi no meio de uma greve geral, a maior de todas (o movimento durou 41 dias) que os trabalhadores brasileiros fizeram uma das mais belas e emocionantes comemorações do Dia do Trabalhador, com mais de 150 mil pessoas desafiando a repressão da Polícia Militar. Lembrando este momento de vitória sobre a ditadura militar, a CUT quer reafirmar seu compromisso de continuar trabalhando para estender a conquista da jornada de 40 horas a todos os trabalhadores brasileiros, de prosseguir nas mobilizações populares pela retomada do crescimento econômico com geração de empregos, contra a corrupção e a submissão do Brasil ao FMI e à agiotagem internacional.
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
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