Um mês após início de protestos, Maduro diz que comissão da Unasul será bem-vinda
Maduro rejeita o envio de qualquer missão da OEA, considerada uma ingerência, e prefere Unasul
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que a comissão da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) será bem-vinda na Venezuela, país que vive uma onda de protestos contra o governo há um mês. O envio da comissão do bloco para acompanhar a situação do país deve ser formalizada hoje (12), em reunião dos chanceleres do bloco, que estão em Santiago para a posse da presidente chilena Michelle Bachelet.
“Bem-vinda a comissão que a Unasul eleger para vir acompanhar e fortalecer o processo de diálogo nacional, a Conferência de Paz e todas as iniciativas para a defesa do sistema constitucional e do direito à paz do nosso país”, disse o chefe de Estado, na estreia de um programa de rádio chamado “Em contato com Maduro”, que conduzirá semanalmente.
Há exatamente um mês, em 12 de fevereiro, era deflagrada a onda de protestos na Venezuela contra o governo do presidente Maduro. Duas novas manifestações — uma da oposição e outra dos apoiadores chavistas — foram convocadas para lembrar a data no país.
Maduro disse ter certeza de que as deliberações dos chanceleres dos países-membros do bloco serão “muito boas”. “Tomara que a Unasul ative rápido a comissão de acompanhamento, de apoio, bem-vinda. E bem-vindo todo o apoio da América Latina e do Caribe que nos acompanha e sabe a verdade da Venezuela”, expressou.
“Nosso caminho é o sul, bem-vinda a Unasul para que (..) constatem diretamente a conduta irregular, violenta, de toda a oposição venezuelana, sua negativa a dialogar”, ressaltou o presidente, que nas últimas semanas convocou a um ciclo de reuniões para uma “Conferência de Paz” com diversos setores do país. Nos últimos dias, Maduro já vinha pedindo uma mediação da Unasul, depois de refutar a presença da representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA), como sugeriram EUA, Canadá e Panamá.
Mais cedo, a presidente Dilma Rousseff havia afirmado que a comissão poderia ser formada por representantes de todos os países que participarão da reunião de chanceleres na capital chilena para “fazer a interlocução [com a oposição] pela construção de um ambiente de acordo, de consenso, de estabilidade” na Venezuela.
Santiago foi o lugar escolhido para à reunião devido à cerimônia de posse da presidente chilena, Michelle Bachelet, da qual Maduro preferiu não participar. Na noite de ontem, explicou que avaliou a viagem, mas que decidiu não ir já que a “direita pinochetista” teria preparado “um clima para show da direita múmia” contra sua delegação.
O chanceler venezuelano Elías Jaua afirmou que, na reunião, exporá a seus pares “todas as causas, consequências e sequelas destas agressões à inconstitucionalidade democrática na Venezuela para que toda a região esteja devidamente informada”.
“Para a Venezuela um dos temas fundamentais na política internacional é o fortalecimento das novas instituições regionais que construímos sem a tutela imperial”, explicou. Nos últimos dias, a Venezuela rechaçou firmemente quaisquer intenções da OEA e dos governos dos Estados Unidos e do Panamá de “intervencionismo” no país.
Da Rede Brasil Atual