“Um olho no peixe e outro olho no gato, temos que vigiar”
Recuo de Bolsonaro sobre privatização do SUS não significa que ele se convenceu do contrário
Após receber críticas de várias partes da sociedade, forte pressão da oposição e órgãos de saúde, o presidente Jair Bolsonaro, como já fez outras vezes, recuou. Ele revogou, na tarde da última quarta-feira, 28, o decreto que havia sido publicado um dia antes no Diário Oficial da União e colocava as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) no Programa de Parceiras de Investimento, ou seja, à venda para a iniciativa privada, o que abria portas para a privatização do SUS.
O secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges, alertou que a sociedade precisa continuar atenta e acredita que o governo não mudou de postura. “Esse recuo agora não significa que Bolsonaro se convenceu do contrário, de que a saúde é papel do Estado, que é cláusula pétrea da Constituição. Sabemos que eles não pensam assim e vão insistir na privatização do que for possível para se livrar da responsabilidade com o povo. É um olho no peixe e outro no gato, temos que estar atentos e vigiar sempre”.
Porém, mesmo tendo recuado, Bolsonaro defendeu o texto, dizendo que a medida tinha como objetivo viabilizar o término de obras nas UBS. O decreto nº 10.530 era assinado por Bolsonaro e pelo ministro da Economia Paulo Guedes, sem assinatura do ministro da Saúde, e previa estudos de parcerias com a iniciativa privada para a construção, modernização e a operação de Unidades Básicas de Saúde.
Pressão
Para impedir mais esta arbitrariedade, o médico e ex-ministro da Saúde e atual deputado federal, Alexandre Padilha (PT-SP), junto a outros deputados do PT e PCdoB assinou e protocolou um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para suspender o decreto.
O presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto também se manifestou contra a medida.