Um projeto educacional com um ideal por trás
O que você acharia melhor para seu filho, estudar em casa, sob sua supervisão, ou ir para a escola e aprender de forma coletiva?

Apesar de não nos terem feito esta pergunta, um segmento conservador no governo atual aprovou o texto-base do Projeto de Lei 3.179, que regulamenta a prática da educação domiciliar no Brasil.
Essa medida que aparentemente permite que as famílias tenham liberdade para escolher como educar seus filhos, omite algumas questões que deveríamos refletir antes da decisão ser tomada.
Como o conhecimento é construído? Alguns defendem tratar-se apenas de transmissão de conteúdo. E a reflexão coletiva?
Como será possível para as famílias, na dimensão da vida privada, assumir a face coletiva, diversa e plural, que apenas um ambiente público propicia?
Como estudar sobre sua realidade, sem conviver, conhecer os diferentes, se colocar em confronto, argumentar seus pontos de vista?
Num país tão desigual, este tipo de educação não estimulará ainda mais as discrepâncias?
Que valores guiarão uma sociedade que se construirá através de relação individualizada com o mundo?
Haveria menos espírito democrata? Menor visão sobre vida pública? Sobre experiências coletivas?
É possível que tenhamos neste projeto o inverso de uma educação cujo cerne é a liberdade. O estímulo a visões únicas sobre a sociedade, a maior dificuldade de lidarmos com a diversidade, o desrespeito ao que é público e aos direitos coletivos, poderá nos projetar no futuro, não como homens livres, mas sim submetidos a uma lógica autoritária na qual não seja possível integrar a liberdade e a igualdade.
Será mesmo esta a sociedade que queremos para o futuro?
A escola é um lugar propício para o pensar crítico. Talvez seja exatamente o que alguns desejam evitar.
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Departamento de Formação