Uma semana, 20 feridos

Dois acidentes vitimaram mais de 20 companheiros em duas importantes empresas de São Bernardo nesta semana e mostram a fragilidade da segurança no trabalho nas fábricas brasileiras.

Jovem perde o antebraço
Com 18 anos de idade e poucos meses de trabalho, a amputação do braço direito marcará para sempre a vida de um companheiro.

Motivo: Uma fresa que não tinha uma proteção de lata, que custa uns poucos reais, e um comando de acionamento posicionado erradamente na altura da coxa, funcionou na hora em que o operador realizava a limpeza da máquina.

Causa precisa ficar bem clara
Não se pode alegar distração, falta de treinamento, ato inseguro, comportamento de risco ou excesso de confiança.

Se a fresa circular estivesse protegida qualquer trabalhador poderia operá-la e limpá-la com segurança e ainda que não tivesse experiência, fosse pouco treinado ou, como todo mundo, se distraísse vez ou outra, nada teria sofrido.

Duas dezenas intoxicados
Em outra empresa, a mistura de duas substâncias provocou forte reação química e uma nuvem tóxica de gás cloro, que intoxicou vários trabalhadores da empresa e até dois seguranças que trabalhavam na fábrica ao lado.

Desmaios, falta de ar, vômitos, irritação nos olhos, nariz e boca levaram muitas pessoas ao hospital, onde chegaram alguns a ficar internados por mais de 24 horas. O medo e a angústia tomou conta de quem era forçado a retomar a produção ainda com forte cheiro no local.

Motivo: Um produto em um tambor que tinha um outro rótulo induziu a erro o trabalhador responsável pela mistura.

Azar não é a causa
Muito menos “a bruxa solta” como alegam alguns. A falta de controle gerencial sobre operações com potencial de risco levam a esse tipo de acidente, que até poderia ser mais grave. Se a mistura envolvesse outros produtos disponíveis no local poderíamos agora estar chorando alguns mortos.

Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente