Uma tevê para o cidadão

No dia 2 de dezembro começa a funcionar a TV Brasil, uma tevê pública que vai estimular as manifestações culturais de todas as regiões

O espectador é cidadão e não consumidor

Delcimar Pires Martins, assessor da
Secretaria de Comunicação Social do
governo federal, faz parte do grupo
técnico que discute a criação
e funcionamento da TV Brasil.
Nesta entrevista, ele disse que um dos
objetivos da tevê pública é despertar o
senso crítico da população.

Como está pensada a TV
Brasil?

A TV Brasil será criada
fundindo os dois canais
federais que existem hoje, a
Radiobrás e a TVE.

Suas características serão
financiamento previsto
no Orçamento e a independência
política, para não
ficar atrelada ao governante
de plantão.

Na BBC, a tevê pública
britânica, toda notícia tem a
informação contra e a favor.
E tem alguém cronometrando
o tempo dessa notícia,
que deve ser igual aos dois
lados.

Não corre o risco de ser
uma tevê chapa branca?

A TV Brasil não fará
propaganda do governo. Ela
terá caráter público, com
controle social, para ajudar
no debate e na informação
das questões nacionais.

Seu papel será o de
estimular o espírito crítico
das pessoas. Será o de tratar
o espectador como cidadão
e não como consumidor,
como é o caso das tevês comerciais.

Como ela será independente?

A independência será
garantida pelo Conselho
Curador, que vai definir a
linha editorial e acompanhar
o conteúdo e a linguagem
dos programas.

O Conselho será formado
por representantes de
4 ministérios, por 15 membros
escolhidos na sociedade
e por um representante
eleito pelos trabalhadores da
TV Brasil.

Como será a programação?

Vamos ter 12 horas em
rede nacional, quatro horas
de programação regional e
mais quatro de produção
independente.

A TV Brasil vai estimular
a produção regional
independente, pois ela é
importante para formar a
identidade nacional.

Na programação das
emissoras comerciais não
existe espaço para as manifestações
culturais. O boi
bumbá no Norte e o carnaval
dos negros de Salvador
não dão audiência no grande
eixo comercial São Paulo-
Rio.

A idéia é buscar o Brasil
verdadeiro, aquele que é feito
pelas pessoas e não pelos
negócios.