Unasul condena bloqueio a avião de presidente boliviano

Em visita à Ucrânia, o chanceler Antonio Patriota não se pronunciou sobre o caso do presidente Evo Morales e ainda não conversou com o governo boliviano. De acordo com o Planalto, a presidente Dilma Rousseff não manteve contato com os presidentes da região para tratar do tema.

Ao chegar a Haia, na tarde desta quarta-feira, Patriota telefonou para a homóloga peruana, Eda Rivas, para arranjar uma reunião da Unasul sobre o tema. O Peru ocupa a presidência temporária do bloco. O pedido para uma reunião extraordinária de chefes de Estado foi feito pelo presidente do Equador, Rafael Correa.

A expectativa é que o encontro ocorra amanhã, em Lima, entre os ministros –e não chefes de Estado– da Unasul. Patriota, que está em viagem à Europa, será representado pelo secretário-geral do Itamaraty, Eduardo dos Santos.

Segundo o governo boliviano, o avião foi obrigado a aterrisar na Áustria porque países como Portugal e França não deram permissão de entrada. O jato seguia de Moscou para La Paz.

O governo boliviano afirma que a proibição foi feita porque os países suspeitavam de que estava a bordo Edward Snowden, que revelou o esquema de monitoramento telefônico e on-line feito pelo governo americano.

A Unasul emitiu uma nota em que condena a “atitude perigosa” assumida pelos europeus ao cancelar a permissão de sobrevoo.

“A Secretaria-Geral da Unasul considera estranho que isso aconteça num momento em que todos os governos da União Europeia manifestaram preocupação com o alcance do programa de espionagem conduzido pelo governo dos EUA sobre sua população”, diz a nota.

Humilhantes

Em seu Twitter, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, considerou humilhantes as restrições de voo a Morales. “Definitivamente todos estão loucos. Um chefe de Estado e seu avião têm imunidade total. Não pode haver esse grau de impunidade”, afirmou, em sua conta no Twitter.

Ela disse ter conversado por telefone com Evo – a quem ofereceu assistência legal- e com os presidentes do Uruguai, José (Pepe) Mujica, e do Equador, Rafael Correa. “[Pepe] está indignado. Tem razão. Isso é tudo muito humilhante”, disse Cristina.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que esteve com Evo em Moscou, ratificou sua “solidariedade” e disse que, da Venezuela, seu governo “responderá com dignidade a essa agressão perigosa, desproporcionada e inaceitável”.

“Estou em contato com Evo, violaram todas as imunidades internacionais que protegem os chefes de Estado por causa da obsessão imperial”, disse Maduro em sua conta do Twitter.

Correa, também em seu Twitter, classificou a situação como “extremamente grave” e acusou os países europeus de “pisotearem o Direito Internacional”.

“Horas decisivas para a Unasul: ou nos reafirmamos como colônias ou reivindicamos nossa independência, soberania e dignidade. Somos todos Bolívia!”

A chancelaria cubana emitiu um comunicado em que condenou o incidente. “Isso constitui um ato inaceitável, infundado e arbitrário, que ofende a todos os latino-americanos e caribenhos”.

Da Folha S. Paulo