União Européia: A lei da vergonha

União Européia criminaliza imigrantes com a lei Diretiva de Retorno. Cerca de 8 milhões de pessoas são criminalizadas.

A Diretiva de Retorno,
lei aprovada pelo parlamento
europeu em 18 de junho,
regride a política migratória
e reflete a atual onda direitista
que toma conta do
continente.

A lei fixa que, a partir
de 2010, o estrangeiro em
situação irregular em qualquer
país da União Européia
terá de sete a 30 dias
para voltar ao seu país de
origem, independentemente
do tempo de residência
na Europa e mesmo de sua
situação familiar.

Caso não deixe o país,
ele ficará sujeito à detenção
por seis meses, prorrogáveis
por mais 12 meses. Os
filhos nascidos na Europa
também poderão ser separados
dos pais imigrantes e
os deportados não poderão
retornar à Europa durante
cinco anos.

Estimativas apontam
que vivem oito milhões de
imigrantes ilegais no continente
– entre eles, cerca de
800 mil brasileiros. A partir
da vigência desta lei, já batizada
de lei da vergonha,
todos passarão a viver como
criminosos e perseguidos
pela polícia migratória.

Na Itália, Silvio Berlusconi,
em sua campanha
eleitoral, pregou abertamente
a tolerância zero contra
ciganos, os clandestinos e
os criminosos. Eleito, já
ordenou a destruição de
acampamentos e a prisão
sumária de ciganos.

Reação –
Com a lei, os europeus
negam sua própria memória. Levas e levas de europeus
chegaram às Américas,
fugidos das crises econômicas,
das guerras e das perseguições
políticas. Todos
foram bem vindos aqui, sem
imposição de cotas ou restrição
de locomoção.

A lei da vergonha estimulou
uma forte reação do
Parlamento do Mercosul.

Todos os chefes de Estado
presentes na reunião
desta semana defenderam
uma reação regional frente
à Lei de Retorno.

O presidente Lula chegou
a acusar os europeus de
racismo. Todos lembraram
que a região, no passado,
acolheu imigrantes e é inadmissível
o tratamento hoje
dispensado por eles.

O presidente da Bolívia,
Evo Morales, lembrou
que, na Europa, latinoamericanos,
africanos e
asiáticos ocupam os postos
de trabalho recusados pelo
trabalhador local, sujeitos a
todo tipo de precariedade e
exploração, muitos submetidos
a condições parecidas
com a escravidão.

Disse ainda que, ao
mesmo tempo em que votava
a lei, a União Européia
tenta convencer seu país, a
Colombia, o Equador e o
Peru a aderir a um tratado de
livre comércio, como o Estados
Unidos tentaram com
a Alca. No tratado, estes
países privatizariam serviços
e se abririam ao comércio e
ao livre fluxo de capitais (dinheiro).
Ou seja, o dinheiro
e a empresas transnacionais
podem circular livremente.
As pessoas, não.