Vagas formais devem crescer em 500 mil em 2009, aponta Dieese
Para coordenador do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos, baixa criação de postos em março é coerente com forte desaceleração no País
O coordenador técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, afirmou nesta quarta-feira (15) que a tendência é de o emprego formal começar a gerar uma média mensal pouco superior a 50 mil postos no decorrer de 2009, o que seria um reflexo da gradual retomada da economia, sobretudo no segundo semestre. Ele afirmou que a criação de 34,8 mil vagas em março, nível bem inferior às 206.556 ocupações formais geradas no mesmo mês de 2008, é coerente com a forte desaceleração do Brasil provocada pela crise financeira global.
“Diante da gravidade da recessão mundial, a geração de 500 mil vagas neste ano será excelente”, comentou. “Mas, para que isso ocorra, será necessário o PIB (Produto Interno Bruto) crescer entre 1% e 2% em 2009. Caso a expansão do País seja nula, a criação de empregos com carteira assinada não deverá passar de 200 mil.”
Na avaliação de Lúcio, os efeitos da crise internacional foram registrados em maior intensidade no setor industrial, que sente com mais rapidez o impacto da falta de crédito, e deve chegar em seguida aos serviços e ao comércio. Ele destacou que, dos 34.818 postos criados em todo o País no mês passado, 34.231 foram gerados em São Paulo. “O setor manufatureiro apresentou queda forte da criação de empregos no fim do ano passado e começo de 2009. Mas a indústria começa a sair dos piores momentos. As fábricas localizadas no Estado de São Paulo geraram no mês passado cerca de três mil empregos”, comentou.
PIB
Para o coordenador, as medidas adotadas pelo governo para estimular a economia, como as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a construção de um milhão de moradias, devem dar um suporte relevante para que o País cresça entre 1% e 2% neste ano. Ele avaliou que também deve colaborar para este resultado a exclusão da Petrobras da contabilidade do setor público, o que deve permitir à estatal investir mais R$ 15 bilhões, como foi antecipado pelo Estado. A contrapartida dessa decisão é a redução do superávit primário em 0,5 ponto porcentual, que deverá baixar neste ano de 3,8% para 3,3% do PIB.
“A ampliação da capacidade de investimentos da Petrobras é importante por causa de alguns fatores. Um deles é que dá mais condições para ampliar os investimentos públicos, pois numa conjuntura internacional muito ruim isto ajuda a estimular o nível de atividade no País”, comentou. “Além de ajudar o Brasil a crescer, que é o principal elemento que reduz o tamanho relativo da dívida pública, a adoção de mais projetos pela estatal reduz o desemprego.”
O coordenador técnico do Dieese ressaltou que a ampliação dos investimentos da Petrobras é importante para incrementar o PIB potencial do País, numa época marcada por demanda fraca. “A elevação da capacidade de crescimento do Brasil ajudará a dar uma nova dimensão à oferta agregada, que poderá atender o consumo da população com menores pressões da inflação quando o PIB voltar a crescer a níveis próximos ao apurado nos últimos anos”, disse. Em 2008, o PIB registrou um incremento de 5,1%.
Mesmo com o avanço do PIB entre 1% e 2% neste ano, o que ele avalia como o cenário mais favorável, Lúcio acredita que a média do desemprego apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve subir da marca de 7,9% para um número próximo a 8,4%. No caso da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) realizada pela Fundação Seade e Dieese, da qual é um dos coordenadores, ele apontou que há uma expectativa de que a média na Região Metropolitana de São Paulo suba de 13,5% para um nível próximo a 15,5%. “Contudo, caso o crescimento do País seja zero, é possível que o pico do desemprego medido pela PED chegue a 17% e a média anual ao redor de 16%”, afirmou.
Da Agência Estado