Vannuchi: debate presidencial promovido pela CNBB vai abordar temas sociais

Vannuchi aponta que igreja tem hoje uma relação mais amistosa com Dilma

Analista político avalia que o papado de Francisco trouxe de volta à Igreja Católica o debate da Teologia da Libertação e ambiente é “menos conservador” do que em 2010

Para o analista político Paulo Vannuchi, o debate entre os presidenciáveis hoje (16), promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ocorre em “um ambiente menos conversador” em relação ao das eleições passadas. Ele ressalta que o papado do Papa Francisco trouxe de volta à Igreja Católica o debate sobre a Teologia da Libertação.

Vannuchi relembra que, nas eleições de 2010, que parte da Igreja Católica foi “hostil” à eleição de Dilma e um bispo de Guarulhos espalhou panfletos dizendo que a presidenta seria favor da legalização do abordo. O analista pontua que, no debate promovido pela CNBB, em 2010, as questões morais e comportamentais foram utilizadas para atacar o PT.

“O debate acontece em um momento em que a Teologia da  Libertação volta a ocupar um terreno forte na igreja, que não fica mais como nos últimos anos, inteiramente a mercê de segmentos conservadores”, diz. Vannuchi afirma que o Papa Francisco retoma o tema da justiça social e dos direitos humanos no catolicismo.

“O cardeal disse que todos os temas serão debatidos em temas sociais, saúde, segurança, educação, questão dos índios. Então, acredito que pode ser um debate diferente do clima absurdo do debate de 2010, em que Dilma foi eleita debaixo de ataques terríveis”, comenta.

Além disso, o analista político acredita que a relação da presidenta com a CNBB está “muito diferente” em relação à visão que a igreja tinha dela em 2010. “Dilma não é mais uma pessoa desconhecida. A CNBB já se relaciona há quatro anos com ela, inclusive com seus programas, projetos e parcerias que envolvem contribuições federais”, esclarece.

Na avaliação geral dos candidatos, Vannuchi observa que Aécio tem fama de “bom moço” para os segmentos conservadores e Marina Silva desperta interesse de segmentos católicos pela trajetória ligada ao catolicismo e depois com a fé evangélica.

O debate ocorrerá às 21h de hoje, na Basílica do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. A mediação será do presidente da CNBB, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, e contará com a presença de oito candidatos: Aécio Neves (PSDB),  Dilma Rousseff (PT), Eduardo Jorge (PV), José Maria Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB), Luciana Genro (Psol),  Marina Silva (PSB) e pastor Everaldo (PSC). A transmissão se dará pelos canais Rede Católica, Rede Vida e TV Século 21. Ao todo, 230 rádios brasileiras também devem transmitir.

Da Rede Brasil Atual